MOÇÃO
Considerando que:
• O modelo de avaliação de desempenho, aprovado pelo Decreto-Regulamentar
2/2008, não está orientado para a qualificação do serviço docente como um dos
caminhos a trilhar para a melhoria da qualidade da Educação, enquanto serviço
público, destinando-se, sobretudo, a institucionalizar uma cadeia hierárquica dentro
das escolas e a dificultar, ou mesmo impedir, a progressão dos professores na sua
carreira.
• O modelo de avaliação reveste-se de enorme complexidade e é objecto de leituras
tão difusas quanto distantes entre si e que nem o próprio Ministério da Educação
consegue explicar devidamente.
• O actual modelo se revela excessivamente burocrático, sistemático e permanente,
não formativo e desinserido das vertentes de natureza pedagógica e didáctica,
acrescido da sua apressada implementação e que por estas razões tem desviado os
professores das suas reais preocupações consubstanciadas no ensino / aprendizagem.
• A maioria dos itens constantes das fichas não é passível de ser universalizada.
Alguns só se aplicam a um número reduzido de professores e outros, pelo seu grau
de subjectividade, impossibilitam uma avaliação de desempenho objectiva.
• Este modelo de avaliação, exigido pelo Ministério da Educação, subverte a melhoria
do nosso Sistema Educativo. O regime de quotas imposto no Despacho n.º
20131/2008 poderá promover a manipulação de resultados e conduzir a injustiças.
• O ensino de qualidade e o sucesso escolar, desígnios nacionais da escola pública,
não são compatíveis com o excesso de tarefas burocráticas que são exigidas aos
docentes, ocupando-lhes bem mais do que as horas destinadas à componente não
lectiva e de trabalho individual, e que em nada contribuem para melhorar a situação
do ensino.
• Não é legítimo condicionar, mesmo que em parte, a avaliação dos docentes ao
sucesso dos alunos e ao abandono escolar. Há todo um conjunto de factores, como o
meio no qual a escola está inserida, a realidade social, económica e cultural dos
alunos, que escapam ao controlo, responsabilidade e vontade dos docentes e que são
fortemente condicionantes do sucesso educativo.
• O próprio Conselho Científico da Avaliação dos Professores, estrutura criada pelo
Ministério da Educação, nas suas recomendações critica aspectos centrais do
modelo de avaliação de desempenho, nomeadamente a utilização, por parte das
escolas, de instrumentos de registo que incluem itens de avaliação como os
resultados dos alunos, o abandono escolar e a observação de aulas.
O modelo de avaliação de desempenho do pessoal docente está a ser posto em
prática à revelia de toda uma classe, não porque os profissionais rejeitem ser
avaliados, mas porque exigem uma avaliação construtiva, não burocrática, que não
perca de vista o objectivo principal da acção educativa – os alunos e as suas
aprendizagens.