Resumo
Em fins da década de 1990, as pesquisas acerca da inclusão dos alunos com
necessidades educacionais especiais (NEEs) no ensino fundamental, tomam grande
dimensão no cenário educacional brasileiro. Com relação ao ensino superior, ainda de
forma escassa, a partir do ano de 2004, os primeiros estudos começam a ocorrer nos
programas de pós-graduação em educação no Brasil. Entretanto, há uma lacuna acerca
de estudos sobre o alunado com necessidades educacionais especiais que freqüenta o
ensino médio. Sendo assim, este estudo discorre acerca das expectativas de alunos
surdos, que freqüentam o 3º ano do ensino médio de uma escola pública de Curitiba,
frente seu acesso ao ensino superior. A presente pesquisa de cunho qualitativo realizou
sua empiria por meio da aplicação de um questionário com perguntas fechadas e abertas
para 13 alunos surdos, no ano de 2007. Os resultados da pesquisa são analisados
tomando como pano de fundo as contribuições de Bernard Charlot e mostram que a
maioria dos alunos participantes do estudo tem aspirações, expectativas reais de
ingressarem ao ensino superior, no entanto apontam a existência de barreiras a serem
vencidas, além daquelas encontradas por um aluno ouvinte: falta de intérpretes e de
apoio pedagógico, despreparo para o vestibular e falta de recursos financeiros. Conclui-
se que a superação destas barreiras envolve vários fatores que se inter-relacionam: a
possibilidade do sujeito apropriar-se dos saberes, usando sua primeira língua, a Libras; a
mediação do “outro” na aprendizagem: professores, pais, colegas e especialistas;
projetos políticos pedagógicos voltados para as especificidades deste alunado;
currículos de formação de professores na perspectiva inclusiva; o cumprimento das leis
e um diálogo entre este alunado e as instituições de ensino em suas diferentes
modalidades, possibilitando desta forma mudanças significativas que atendam essa
demanda.
Palavras chaves: surdos, deficiência auditiva, ensino médio e ensino superior.
Desenvolvimento
O presente estudo tem como ponto de partida que o mundo social não é um dado
natural, como nos lembra BAUER & GASKELL (2007), mas construído por pessoas
em suas vidas cotidianas, porém não sob condições que elas mesmas estabelecem, pois
essas construções constituem a realidade essencial das pessoas, seu mundo vivencial.
Sendo assim, o uso do questionário na abordagem qualitativa é um dos caminhos que
A relação entre o professor e o aluno também é considerada, Joana (17 anos) afirma que
“não preciso de nada, pois eu falo, entendo e sou implantada, só espero que sejam
pacientes e que falem devagar comigo na faculdade”. Nesse caso observamos que a
aluna é oralizada, mesmo assim se refere a “paciência” e “falar devagar”, estes aspectos
Conclusão
Bibliografia
BAUER M.W. & GASKELL, George Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som.
Rio de Janeiro: Vozes, 2007.
QUADROS, R.M. & SCHMIEDT, M.L.P. Idéias para ensinar português para alunos
surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2006.