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Umuarama, domingo, 9 de novbembro de 2008 15

CRÔNICA
O Crime Perfeito Um bom bocado de boa música

Henri, um homem alto, grisalho, com seus 42 anos de


idade, tinha construído nos últimos 15 anos, uma incrível
carreira como detetive particular. Mesmo não permitindo a
publicação de sua foto nos jornais, os moradores da pequena
cidade Lisieux e de toda da Baixa-Normandia francesa o
tinham como herói. Mesmo em crimes considerados
impossíveis de se solucionar, ele jamais havia errado um
palpite e já tinha colocado mais de uma centena de pessoas
atrás das grades.
Sua fama já havia chegado a Paris, mas se negou a
ajudar a famosa Gendarmerie Nationale (Policia Federal
Francesa) em casos fora de sua cidade, pois alegava que
já era conhecido demais e quanto mais anônimo, melhor é
o detetive. Todos estavam impressionados com sua
capacidade dedutiva.
Naquele sábado de inverno Juliette, a enfermeira do
Hospital Saint Nicolas, havia sido encontrada morta num Jazz é uma palavra que assusta andava por um desses mercadões
bosque próximo à sua casa por funcionários da prefeitura muita gente. Não se poderia esperar que vendem de cenouras a home
que limpavam a neve das ruas. A quantidade de neve que algo diferente como reação à um estilo theaters e, na seção de Cd’s,
caíra naquela noite havia apagado qualquer evidência de musical tão abrangente e intrincado. encontrei uma ótima coletânea: GNT
pegadas e escondido – ou destruído, a maioria dos vestígios Com suas centenas de vertentes New Jazz. Pensei comigo: “Se é da
do assassino. A policia não teve dúvidas e chamou Henri existentes e outras dezenas sendo grife GNT, posso confiar”. “Comprei-
para desvendar mais esse caso impossível. criadas, o Jazz tem o estigma de música o-o”. Não me arrependi, e após tanto
O detetive, como de costume, pediu para que todos os difícil feita pra gente maluca, mas é uma tempo esse disco ainda roda na
policiais se afastassem do local e o deixassem olhar a cena questão de segundos para se perceber minha vitrola incansavelmente.
do crime com calma. Apenas o Comissário de Policia o que, é tudo muito simples e o importa Coletâneas são uma grande
acompanhava. Após uma hora e meia de observações, mesmo no jazz é a sinceridade no maneira de se iniciar no jazz ou
anotações e fotos, chamou os policiais e apontou onde sentimento e a improvisação conhecer novos artistas para os que já
estavam os elementos a serem recolhidos e levados à despretensiosa, como numa conversa estão por dentro do estilo. Existem
perícia. entre bons amigos. várias delas, instrumentais ou com
Com o resultado da perícia à mesa do Comissário de Houve um tempo, lá por 2006, vocalistas, a escolha a sua. O GNT
Polícia, Henri foi chamado para a leitura do laudo. Como em que eu era vidrado no programa New Jazz é uma coletânea que traz os “Michael Bublé e Norah Jones, dois grandes nomes que participam
sempre anotava tudo em seu bloco de notas. Devidamente “Manhattan Connection” e ao invés novos cantores do jazz, gente que do CD.”
satisfeito com as informações disse: do global Fantástico, me ligava no anda aparecendo desde o início dos
- Tudo bem, comissário, voltarei amanhã, às 9:00 da GNT (canal da TV à cabo) e assistia anos 2.000. Num total de 14 grandes a suave “Breaking Up is Hard to Do”; a não é um CD fácil de se encontrar,
manhã, com o meu palpite. Prepare seus homens que o o Lucas Mendes, o Caio Blinder, o vozes em canções muito bem rouquidão de Steve Tyrel e portanto ao encontrar um, pegue e
trabalho vai ser grande, porém rápido. Ricardo Amorim e o Arnaldo Jabor arranjadas, este disco pode fazer você aconchegante voz de April Barrows, assegure o seu. Aí é só separar um
No dia seguinte, no horário marcado, Henri volta à (agora substituído pelo Diogo esquecer do mundo enquanto o ouve. além dos já bem gabaritados Michael fim de tarde ou uma bela noite, sua
delegacia de polícia e revela o nome do assassino, mostrando Mainardi) discutindo as notícias da Deliciosa do começo ao fim, posso Bublé, Diana Krall e Norah Jones. Outra bebida preferida, colocar o disquinho
detalhadamente como chegou a essa conclusão. O delegado, semana. Inclusive, o programa é destacar alguns nomes da coletânea coisaasefalarédaparticipaçãodePeter na vitrola se deixar levar. E é claro
estupefato e mais do que convencido manda sua equipe à ótimo e ainda está no ar, falam sobre como o do guitarrista John Pizzarelli; a Jones que nasceu no Brasil e tem uma que com uma boa companhia e um
casa de Marcel Revel, o padeiro da vizinhança. quase tudo: política, economia, arte, cantora Reneé Olstead que voz igualzinha à do Frank Sinatra. bom papo tudo fica melhor... Mas aí
Embora Marcel e seus advogados tentassem, não cultura e jazz. Então, nesse tempo eu acompanhadaporPeterCincotticantam Infelizmente o GNT New Jazz a responsabilidade é de vocês!
havia argumentação que pudesse vencer a quantidade de
provas que o indicavam como autor daquele crime. Marcel
foi preso.

OS CARECAS
Já novamente em casa, Henri vai até seu escritório e,
de dentro de um fundo falso de uma gaveta, puxa um Por Jefferson Silveira
caderno cheio de anotações e risca o nome de Marcel Revel
e também o de Juliette. Enquanto bebe um gole do seu vinho,
se lembra da cara de horror da moça enquanto ele a
esfaqueava no bosque. Ri sozinho e pensa sobre todas as
suas outras vítimas mortas e presas e diz para si mesmo:
“Ainda bem que a lógica vale mais do que a verdade.”

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