Imaginem e acreditem, pois é tudo verdade, que esta semana, aqui nas
Minas Gerais, lugar de tantos famosos e graúdos juristas, um rapaz tentou
assaltar uma padaria num bairro distante da Capital mineira; até aí, nada
demais; milhares de jovens criminosos fazem isso todos os dias no mundo
inteiro. Mas aquele jovem, que atende pelo nome de Wanderson Rodrigues
de Freitas, 22 anos, não tinha nenhuma arma de fogo em posse e simulou
que havia uma dentro de sua roupa; intimidou a atendente da padaria para
ROUBAR R$ 45,00, foi quando o dono do estabelecimento notou, reagiu e
perseguiu Wanderson. Instante depois conseguiu apanhá-lo, dominá-lo e foi
então que iniciou uma “surra” pública.
O dono da padaria e outros fregueses que viram a ação criminosa
dominaram Wanderson e mandaram-lhe um corretivo; o nariz do jovem
deve ter colidido com alguma das dezenas mãos envolvidas na lição e
quebrou-se; Wanderson teve outras partes do corpo com hematomas e
ficou, digamos com o nariz do tipo “tucano”; insatisfeito, o jovem procurou
um, digamos, ADEVOGADU; desta vez, a segunda “persona”,
importantíssima no cancioneiro jurídico mineiro, atende pelo nome de DOTÔ
JOSÉ LUIZ OLIVA SILVEIRA CAMPOS; Dr. Campos, provavelmente, sem nada
pra fazer, leu alguma bula de remédio (provavelmente Gardenal) e foi então
que teve a BRILHANTE IDÉIA de PROCESSAR O DONO DA PADARIA; isso
mesmo, senhoras e senhores, o patrono das causas de âmbito nacional,
acreditou que algum magistrado tivesse teor de intelecto similar ao seu,
para aceitar tal denúncia peticionada, mas não foi o que aconteceu; desta
vez, o preclaro Dr. Jayme Silvestre Corrêa Camargo, da 2ª Vara Crime da
Capital, rejeitou de plano as alegações do advogado do ladrão.
O Dr. Campos alegou em sua peça jurídica que seu “CRIENTE” (brincadeira
minha) sofreu EXCESSO DE LEGÍTIMA DEFESA; alegou que A CONFISSÃO
FORA OBTIDA POR MEIO DE COAÇÃO (esqueceu-se do FLAGRANTE que
pouco importa se o paciente afirma atestado de culpa); alegou também que
a suposta arma utilizada no assalto era na verdade um pedaço de madeira
(que estava encoberta pelo tecido da camisa e, portanto, não dando visão
da vítima); cita o Artigo 129 do CP para inocentar o ladrão; tenta sensibilizar
o juízo quando informou que o rapaz era cliente assíduo da padaria e que
eles (os agressores), deveriam deixá-lo ir embora e acionar a polícia, que
tomaria as medidas cabíveis; afirma que Wanderson precisará de CIRURGIA
PLÁSTICA PARA RECOMPOR O NARIZ e por fim, para encerrar o besteirol
jurídico descabido, informa na peça que NÃO DEFENDE BANDIDO e que só
questiona o EXCESSO DE LEGÍTIMA DEFESA.
Não sei mais o que dizer; dizer que é um absurdo é pouco; asneira, besteira,
aberração, palavras como estas já foram utilizadas no despacho do
magistrado, então eu qualifico como BURRICE, disparate, loucura,
devaneio, psicose, insanidade, ou como se diz no Nordeste: demência; ou
este advogado quis de fato aparecer ou deveria ser mais bem analisado
pela OAB mineira, pois eu questiono a veracidade da carteira que ele porta
no paletó.
Utilizar o Artigo 129 do Código Penal foi desespero de causa para se apegar
a qualquer ramo jurídico; excesso de legítima defesa é patético, se o
causídico admite a própria LEGÍTIMA DEFESA, o que seria seu excesso? Para
se defender, inclusive da pressuposição de alguém armado, que foi o caso,
a vítima poderia matá-lo e dificilmente seria condenada a alguma coisa,
principalmente porque a ação foi diante de dezenas de testemunhas.