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Índice

O Comércio Justo como alternativa.....................................................2


A realidade em números..............................................................................................3
Definição e princípios do Comércio Justo...................................................................5
Um pouco de história.....................................................................................................7
O preço justo..........................................................................................................................7
Os preços no Comércio Justo e no comércio convencional..................................8
Os principais actores do Comércio Justo...........................................10
Os produtores..................................................................................................................... 11
Os produtores: protagonistas do Comércio Justo . .............................................12
Os produtores dependem apenas do Comércio Justo?......................................14
Nós, os consumidores . ................................................................................................... 14
As organizações importadoras..................................................................................... 15
As Lojas do Mundo........................................................................................................... 16
1
Porque é que a etiqueta de alguns produtos do
Comércio Justo diz que foram fabricados na Europa?.......................................16
Outros actores do Comércio Justo.....................................................18
Organizações de coordenação..................................................................................... 19
Organizações de certificação: garantias para o consumidor............................. 20
Outras organizações ligadas ao Comércio Justo................................................... 21
A evolução do Comércio Justo...........................................................22
O Comércio Justo em Portugal.................................................................................23
O Comércio Justo
como alternativa

2
Todos os dias passam pelas nossas mãos produtos A realidade em números
provenientes de todos os cantos do plane­ta. Os
objectos mais comuns percorrem, com frequên- – Os 10 países de África que exportam maior
cia, milhares de quilómetros antes de chegar até quantidade de café têm, em conjunto, um
Produto Interno Bruto de 71,7 mil milhões de
nós. Aparentemente, fazemos todos parte de um
dólares1, valor que praticamente equivale às
grande mercado. Mas os benefícios da expansão vendas mundiais da Nestlé em 20052.
do comércio mundial, não atingem toda a gente – Metade da riqueza mundial é actualmente
da mesma forma. detida por 2% das pessoas mais ricas3. Ou
seja, o rendimento conjunto das 500 pessoas
Na primeira linha dos beneficiários encontram-se
mais ricas do mundo, ultrapassa o rendimento
as multinacionais, o que em termos globais signifi- conjunto dos 416 milhões de pessoas mais
ca que um número reduzido de empresas concen- pobres4.
tra em si uma elevada percentagem do comércio – 50% do Produto Nacional Bruto mundial está
mundial. Actualmente, as grandes multinacionais concentrado em 3 países – EUA, Japão e Ale-
têm um poder económico e financeiro superior ao manha – cuja população representa apenas 8%
de muitos Estados. Influenciam de forma marcante da população mundial5.
– Cerca de 1,3 biliões de pessoas no mundo
os decisores das organizações internacionais que
vivem com menos de 1 dólar por dia, enquanto
definem as regras do comércio mundial e contro-
lam os preços. Em contraste, a voz dos pequenos
que 80% dos recursos mundiais são consumi- 3
dos por 20% da população. Se todas as pessoas
produtores não tem qualquer ressonância. vivessem como esses 20%, precisaríamos de
4 planetas para fornecer todos os recursos
Em muitos países do Sul1, os rendimentos de
necessários6.
milhões de famílias de camponeses ou pequenos
produtores dependem da exportação de matérias
primas como o algodão, o café ou o cacau, cujos
preços são determinados pelas grandes empresas
1
Human Development Report Statistics 2005. Human Develop­
nos mercados de Londres e Nova Iorque, de forma ment Reports. Economic Perfomance. Programa das Nações Unid­as
a obterem o maior lucro num curto prazo de tem- para o Desenvolvimento (PNUD). hdr.undp.org/reports/global/2005
2
Dados do Grupo Nestlé (2005)
po. Tal contribui para a crescente marginalização 3
UNU-WIDER – World Institute for Development Economics
Research, da Universidade das Nações Unidas. www.wider.unu.edu/
research/2006-2007/2006-2007-1/wider-wdhw-launch-5-12-
2006/wider-wdhw-press-release-5-12-2006-FR.pdf
1
Quando falamos de países com diferentes níveis de desenvolvimento
4
The 2006 Human Development Report. PNUD. hdr.undp.org/
económico, usamos o conceito “países do Sul” não para designar o hdr2006
grupo de países que estão geograficamente localizados no hemisfé­rio 5
The 2006 Human Development Report. PNUD. hdr.undp.org/
sul, mas antes o grupo de países economicamente menos desenvol­ hdr2006
vidos (que se situam na sua grande maioria em África, Ásia e América 6
Dados da Universidade das Nações Unidas, Março 2006:
Latina). www.unu.edu/esd/ESDtext.pdf
Mapa-mundo segundo a distribuição da Riqueza (Produto Nacional Bruto), valores de 2002
© Copyright 2006 SASI Group (Universidade de Sheffield) e Mark Newman (Universidade de Michigan), disponível em www.wordmapper.org
4

dos camponeses e dos pequenos produtores, a va que os direitos dos trabalhadores e o respeito
exploração laboral, a discriminação das mulheres, pelo meio ambiente não são incompatíveis com
o trabalho infantil, o esgotamento dos recursos os ganhos económicos.
naturais, a degradação do planeta, a perda da
O CJ ainda é pouco conhecido em Portugal, onde
diversidade biológica, entre outros.2
foi introduzido há menos de uma década. Apesar
É neste contexto que se afirma o movimento disso, tem conseguido implantar-se e ser reconheci­
do Comércio Justo (CJ), uma iniciativa em que a do noutros países europeus. Estas mu­dan­ças só
produção e o comércio se encontram ao serviço aconte­cem com a participação acti­va de todos.
do bem-estar das pessoas. Embora continue a ter Enquan­­to cidadãos e consumido­res, podemos con­
uma expressão pouco significativa no conjunto tribuir decisivamente para a diminui­ção das injus­
do comércio internacional, o Comércio Justo pro- tiças no comércio internacional – vejamos como.

2
A maioria deste tipo de fenómenos tem também vindo a aumentar
nos países do Norte.
Definição e princípios do Comércio Justo No CJ existem duas vertentes que se interligam e
se complementam, tornando o movimento único:
O Comércio Justo é uma alternativa ao comércio
a comercialização de produtos dos países do Sul e
convencional porque, para além dos critérios eco­
a sensibilização dos consumidores para os dese-
nómicos, rege-se por valores éticos que incluem
quilíbrios e injustiças do comércio internacional e
aspectos sociais e ecológicos. Através de alianças
para o impacto que as suas decisões de compra
entre produtores dos países do Sul3 e consumi-
têm sobre as condições de vida noutras partes do
dores de todo o mundo, o CJ contribui para que:
mundo. A vertente da sensibilização, que é uma
– os camponeses e os pequenos produtores das actividade de Educação para o Desenvolvimento4,
zonas mais pobres do mundo tenham con­di­ implica também a promoção de mudanças no co­
ções para viver dignamente do seu trabalho; mércio internacional com o objectivo de transfor-
– se reforcem e desenvolvam métodos de produ­ mar o sistema económico dominante num siste­
ção agrícola e artesanal que valorizem as cultu­ ma mais solidário e humano. Ao demonstrar na
ras e saberes locais e que respeitem o meio prática que é possível compatibilizar os critérios
ambiente; económicos com os critérios sociais e ecológicos,
– os consumidores obtenham produtos de quali­ o movimento do CJ tem argumentos válidos para
dade, com a garantia de terem sido respeita­ pressionar os governos e as multinacionais a mu­
dos os direitos dos trabalhadores e o meio darem a sua lógica de actuação. 5
ambiente;
– seja recuperada a ligação entre o produtor e o
consumidor.

3
Reconhecendo que também existem agricultores e artesãos com
dificuldades de acesso ao mercado nos países do Norte, o Comércio
Solidário apresenta uma outra alternativa ao comércio convencional,
assentando numa aliança entre produtores e consumidores de uma 4
Para mais informação sobre Educação para o Desenvolvimento ver a
mesma região ou país. página do CIDAC: www.cidac.pt
O CJ rege-se por um conjunto de princípios, 7. O reforço das capacidades organizativas, pro­
reconhecidos de forma geral por todas as enti- dutivas e comerciais dos produtores, atra­vés
dades envolvidas no movimento, mas com algu- de formação, aconselhamento técnico, pesqui­
mas diferenças na sua formulação. Estes princí- sas de mercado e desenvolvimento de novos
pios podem ser agrupados da seguinte forma: produtos;
1. O respeito e a preocupação pelas pessoas e 8. A participação de todas as pessoas (produ-
pelo ambiente, colocando as pessoas acima tores, voluntários e empregados) nas tomadas
do lucro; de decisão que as afectam;
2. O estabelecimento de boas condições de tra- 9. A protecção e a promoção dos direitos huma­
balho e o pagamento de um preço justo aos nos, nomeadamente os das mulheres, crianças
produtores e produtoras (um preço que cubra e povos indígenas, bem como a igualdade de
os custos de um rendimento digno, da pro- oportunidades entre os sexos;
tecção ambiental e da segurança económica); 10. A protecção do ambiente e a promoção de um
3. A disponibilização de pré-financiamento ou Desenvolvimento Sustentável, subjacente a
acesso a outras formas de crédito; todas as actividades;
4. A transparência quanto à estrutura das organi- 11. O estabelecimento de relações comerciais está­
6 zações e todos os aspectos da sua actividade veis e de longo prazo;
e a informação mútua entre todos os inter- 12. A produção, tão completa quanto possível, dos
venientes na cadeia comercial sobre os seus produtos comercializados no país de origem.
produtos e métodos de comercialização;
À medida que se tem expandido o CJ, têm-se
5. A disponibilização de informação ao consu­
­também diversificado os produtos. Lado a lado
midor sobre os objectivos do CJ, a origem
com os pequenos produtos artesanais, encontra-
dos produtos, os produtores e a estrutura do
mos produtos alimentares, têxteis, objectos para
preço;
o lar e produtos de higiene e beleza5. Uma caracte­
6. A promoção de actividades de sensibilização rística comum a todos eles é a qualidade, sem
e campanhas, quer junto dos consumidores esque­cer o design, baseado nas tradições locais,
(para realçar o impacto das suas decisões de que nos aproxima de outras culturas ao mesmo
compra), como das organizações (para provo- tempo que contribui para a sua manutenção.
car mudanças nas regras e práticas do comér-
cio internacional);
5
Para conhecer alguns dos produtos visite o catálogo on-line
das importadoras IDEAS (www.ideas.coop), Intermón Oxfam
(www.intermonoxfam.org) ou Ctm Altromercato (www.altromercato.it)
O preço justo Um pouco de história...

No comércio internacional convencional, os pre­ “Comércio e não ajuda”: com esta reivindicação,
ços dependem não só da lei da oferta e da pro­ os países do Sul pediam, na Conferência das
cura, mas também da especulação e da gestão Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
em1964, uma maior justiça nas relações comerciais
de inte­resses das empresas multinacionais e
internacionais;
dos próprios governos dos países do Norte. Este
Em meados dos anos 60, algumas organizações
cenário não respeita os direitos dos produtores
de solidariedade com os países do Sul começam
dos países do Sul. Aqui, reside uma das principais a importar artesanato e a vendê-lo na Europa. As
diferenças entre o CJ e o comércio convencional: primeiras vendas realizam-se por catálogo ou junto
o pagamento de um preço, que não é definido de grupos de amigos;
com base no mercado, mas sim com base nos Em 1969 abre na Holanda a primeira loja de CJ;
produtores. Em 1973 importa-se, pela primeira vez, café no
circuito do CJ, proveniente de cooperativas da
Guatemala;
Em meados dos anos 80, inicia-se a venda de
produtos do CJ nos circuitos comerciais conven-
cionais;
Em 1988 surge a primeira marca registada do CJ 7
– Max Havelaar – em resultado de uma parceria
entre organizações holandesas e associações de
produtores de café do México.

Em 1998, o CIDAC lança o projecto “Comércio Justo


e Solidário”, alicerce para o desenvolvimento do CJ
em Portugal;
Em 1999 é inaugurada, em Amarante, a primeira
loja de CJ portuguesa, por iniciativa do Aventura
Marão Clube;
No início de 2007 existem 11 lojas em Portugal.
Os preços no Comércio Justo e no comércio convencional

Dois dos critérios subjacentes à comparação de preços Também é preciso ter em conta que os métodos de
consistem na escolha de produtos do mesmo tipo e produção agrícola do CJ são na sua maioria artesanais
com qualidade idêntica. e assentes num sistema que respeita a capacidade
De uma forma geral, os preços dos produtos alimen- produtiva dos solos e o meio ambiente. Isto traduz-se,
tares são um pouco mais elevados no CJ do que no por um lado, em alimentos de elevada qualidade e por
comércio convencional. Isto fica a dever-se, sobretudo, outro, em quantidades inferiores às produzidas por
ao pagamento de um valor mais alto ao produtor (por métodos industriais e intensivos, logo, num custo de
exemplo, face à cotação do café1 arábica em Setembro produção unitário superior.
de 1999, o CJ pagava aos camponeses mais 40% do Os produtos têxteis e de artesanato têm preços seme­
que o comércio convencional2). Por outro lado, o CJ lhantes aos do comércio convencional, porque a cadeia
movimenta ainda quantidades muito pequenas de de intermediários é muito pequena e conseguem-se
produtos, em comparação com a distribuição alimentar preços mais reduzidos.
convencional, o que encarece proporcionalmente os Tendo em consideração que “comprar” não é sim­ples­
gastos de transporte e armazenagem. mente uma opção monetária, mas que apresenta
implicações sociais e ambientais, o consumidor pode
inter­rogar-se sobre o “custo humano” associado à co­
mer­cialização de produtos a preços baixos, os quais
8 po­dem dissimular práticas de desrespeito pelas direitos
laborais.

1
A nível mundial, o café representa a segunda matéria-prima (legal) em
importância nos mercados internacionais, só superado pelo petróleo.
2
É importante salientar que os preços internacionais do café têm
aumen­tado desde Novembro de 2004, aproximando-se do preço mínimo
esta­belecido pelo CJ. No entanto, este mercado é muito instável e tem
alterações constantes dos preços pagos aos produtores; uma mu­dança de
posição dos investidores pode diminuir drasticamente os preços actuais.
Um preço justo deve cobrir todos os custos de No caso de matérias primas como o café e o cacau,
produção, permitindo ainda aos produtores ter embora as organizações de CJ tomem como refe­
uma vida digna e reservar uma margem para fins rência o preço que é determinado nas bolsas de
sociais: educação, saúde, habitação... No caso dos Londres e Nova Iorque, asseguram que o produtor
produtos agrícolas de origem biológica, o preço recebe um valor justo. Ou seja, acrescentam uma
inclui ainda um acréscimo pela preservação do percentagem ao preço de referência, garantindo
meio ambiente. ainda que esse valor não descerá para além de um
limite mínimo.

9
Os principais actores
do Comércio Justo

10
Tendo em conta que um dos objectivos do CJ é Os produtores
criar uma aliança entre os produtores e os consu­
Os artigos de CJ provêm, na sua maioria, das
midores, estes são considerados os dois actores
zonas­ mais pobres da América Latina, África e
principais do sistema, ocupando cada um deles,
Ásia. Os produtores são grupos de famílias, pe­
um dos extremos da cadeia. Nesta, existem dois
quenas ­cooperativas, associações de mulheres,
outros actores essenciais que estão presentes no
oficinas de deficientes ou cooperativas de alguma
movimento do CJ desde o início: as organizações
dimensão. Trata-se sempre de grupos da popu-
importadoras e as Lojas do Mundo (designação
lação que, por razões económicas e geográficas,
comum das lojas de CJ). Tanto os produtores,
por falta de experiência ou de recursos, não têm
como as organizações importadoras e as Lojas do
acesso directo ao mercado. Caso o tenham, não
Mundo têm que respeitar os princípios do CJ.
conseguem um preço que corresponda ao valor
digno do seu trabalho. Ou seja, são produtores
marginalizados ou em situação de exploração.

11
Os produtores: protagonistas do Comércio Justo

Raramente nos questionamos sobre quem produziu os branqueado (eliminando-se assim o uso de cloro) e utiliza-
bens que consumimos no dia-a-dia, apesar de cada compra­ -se água para limpar o equipamento de impressão, em vez
estabelecer um vínculo que une à distância homens e mu­ de dissolventes químicos. Além disso, uma parte do algodão
lhe­res que nunca se conhecerão. Estes seis exemplos, pro­ é cultivado biologicamente (isto é, sem utilizar aditi­vos nem
venien­tes de diferentes continentes, culturas, dimensões pesticidas químicos). Os artigos de papel, feitos com mate-
e actividades oferecem-nos uma pequena amostra sobre riais reciclados ou recicláveis, são em parte produzidos por
quem produz os artigos do CJ. pessoas em situação de vulnerabilidade na comunidade.

El Ceibo DaZhangShan
Cerca de 800 famílias camponesas da região Alto Beni, na Na região das montanhas Wuyuan, na China, os 14600 agricul­
Bolívia, integram a El Ceibo1, uma central que agrupa 38 co- tores da DaZhangShan Organic Tea Farmer Association4 pro­
operativas de base. Gerem a produção e comercialização de duzem chá orgânico de elevada qualidade (chá verde, chá
cacau e exportam a maioria da sua produção, com vendas jasmin, diversos chás pretos, entre outros). A associação faz
já consolidadas no mercado do CJ. A cooperativa ocupa-se parte da DaZhangShan Organic Food Co. Ltd que tem fábri-
da capacitação profissional e da investigação para melhoria cas próprias para processar o chá e gere a sua exporta­ção.
e diversificação das culturas. Também promove o desenvol­ Parte do valor recebido do CJ tem sido utilizado na educação
vimento da comunidade, dando especial atenção a progra- dos filhos dos agricultores e na construção de uma biblioteca
mas de saúde e à ajuda aos camponeses reformados. e uma sala de computadores numa escola da região5.

Kagera Co-operative Union Ltd MCCH


A Kagera Co-operative Union Ltd (KCU)2 é um dos principais A Maquita Cushunchic Comercializando como Hermanos
12 produtores e exportadores de café de qualidade, robusta e (MCCH)6 surge em Quito, Equador, a partir de comunidades
arábica, da Tanzânia. A KCU, estabelecida em 1950, agrupa de base. Criaram uma alternativa de comercialização para
124 cooperativas de base, representando 60.000 pequenos dar resposta às necessidades de produtores e compradores
agri­cultores da região de Kagera na margem do lago Vitória. locais. Hoje, os seus produtos (açúcar, compotas, bolachas,
Através da participação activa no CJ, a KCU tem conseguido doces, entre outros) também chegam até às lojas de Comér-
pagar aos seus agricultores um preço até 100% superior cio Justo. Dispõem de programas de saúde e formação,
ao que é praticado no mercado. Para além de formação bem como de uma cooperativa de poupança e crédito.
e apoio técnico e financeiro aos seus membros, a KCU faz
parte da EPOPA – Promoção da Exportação de Produtos YWCA Craft Center
Orgânicos em África. Desde 1973 que o YWCA Craft Center (Young Women’s
Christian Association)7 oferece formação e oportunidades
Dezign Inc. de trabalho para mulheres no Bangladesh, um país onde a
A empresa de artigos têxteis e de papel Dezign Incorpora­ vida das mulheres é sujeita a restrições. Trata-se de famílias
ted3, do Zimbabué, tem por base uma produção que respei­ com dificuldades de subsistência que, graças a este tra-
ta o meio ambiente e tem como filosofia a segurança das balho, podem cobrir as suas necessidades mínimas. Os
pessoas no trabalho, a igualdade de oportunidades, a saúde artigos têxteis produzidos incluem coloridos fantoches de
e a protecção social. As t-shirts são feitas em algodão do Zim­ mão. Cerca de 10% do dinheiro é destinado a um fundo de
babué, uma das principais culturas do país. O algodão não é poupança para serviços básicos de saúde e educação.
4
Para mais informação: www.dazhangshan.com
1
Para mais informação: www.elceibo.org 5
Em www.fairtrade.net/tea.html
2
Para mais informação: www.kcu-tz.com 6
Mais informação em www.ifat-la.org/miembros/MCCH/mcch.html
3
Para mais informação: www.dezigninc.co.zw 7
Para mais informação: www.fairtradedirect.com/ywca/EN/100001.html
“Já não sou um agricultor, mas um produtor. O Para melhorar as condições de produção e co­
agricultor está sozinho, cultiva e colhe, mais nada... mer­cialização, os artesãos e agricultores unem
O produtor, pelo contrário, está organizado, quali- frequentemente esforços e criam grupos de pro­
fica-se e cultiva tendo em conta o meio ambiente.
dutores ou cooperativas, que se constituem como
Tem mais responsabilidades...” José de Santa Rosa
Chonta, produtor da Cepicafé, Peru actores no movimento do CJ.

“(...) Além disso, há mais crianças do que antes Hoje em dia, cerca de 1 milhão e 500 mil produ-
que têm acesso aos estudos. Hoje em dia, somos tores oriundos de 60 países fazem parte do movi-
donos dos nossos terrenos, o que não é forçosa- mento do CJ, o que significa que mais de cinco
mente o caso dos que não trabalham com o milhões de pessoas são indirectamente beneficia-
Comércio J­ usto... Os selos impõem uma qualidade
das6. No entanto, ainda não é possível abranger
e atribuem-nos responsabilidades.” Joel Correa,
presidente do comité local da Cepicafé, Peru todos os produtores que desejam inserir os seus
produtos no circuito do CJ, devido ao pequeno
volume de vendas. Daí a importância de divulgar
esta forma de comercialização, para que aumente
o número de consumidores a optar por este sis-
tema alternativo de compras.

13

Dados da Plataforma para o Comércio Justo francesa, Janeiro 2007


6
Os produtores dependem Nós, os consumidores
apenas do Comércio Justo?
Na qualidade de cidadãos, conscientes das pro­
blemáticas sociais e ambientais existentes, temos
Em alguns casos sim, mas a maioria dos produtores
vende uma parte da sua produção a organizações a possibilidade de mudar a realidade através de
de CJ e outra no mercado convencional, quer acções que contribuam para relações comerciais
seja local ou externo. O próprio movimento do mais justas.
CJ procura evitar a criação de dependências, já
que não tem capacidade de absorção para toda a Em primeiro lugar e enquanto consumidores,
produção. Ainda assim, as vantagens que os produ- devemo-nos questionar antes de comprar, ou
tores obtêm ao vender parte da produção por esta seja, fazer uma opção consciente e responsável,
via, permite-lhes melhorar a sua formação, a ca- com base em informação acerca das condições
pacidade de organização e gestão do seu trabalho laborais, ecológicas e sociais inerentes ao fabri­co
e ainda concentrarem parte dos seus esforços na
dos produtos. Um consumo responsável impli­
procura de novos mercados, sem excluir o mercado
local, para não dependerem tanto da exportação. ca também outros critérios, tais como reduzir
o consumo­, reutilizar e restaurar os produtos
Quanto mais informados e esclarecidos estiverem
os produtores e mais seguros estiverem da sua sempre que possível, preferir produtos biológicos
experiência, melhor poderão defender os seus e procurar alternativas mais justas, nomeada-
14 inte­resses no mercado global. Importa lembrar que mente preferindo produtos do CJ. Estas opções
um dos objectivos do CJ é provocar mudanças ao de compra­podem também, no seu conjunto, dar
nível das regras do comércio internacional, de tal
claras indicações às empresas sobre que tipo de
forma que este se vá transformando numa forma
actuação será premiada pelos consumidores.
de comércio mais justa, que consiga contribuir
para uma real melhoria das condições de vida dos
pequenos agricultores e artesãos.
Em segundo lugar e enquanto acto de cidadania, longo prazo e uma parte do pagamento é feita
podemos questionar as empresas sobre a forma antecipadamente. Estas duas condições são tão
como os seus bens ou serviços são produzidos, importantes como o pagamento de um preço
assim como questionar os governos sobre as suas justo, já que transmitem segurança e confiança
políticas económicas no quadro de um modelo aos produtores, permitindo-lhes planear o futuro.
de desenvolvimento baseado no comércio inter-
Por outro lado, a proximidade entre produtores
nacional.
e importadoras permite-lhes acompanhar todo
Quantos mais consumidores assumirem um papel o processo de adesão dos produtores ao movi-
activo, mais os movimentos solidários, como o do mento do CJ e sua respectiva evolução. Uma das
CJ, poderão crescer e fortalecer-se. Está ao alcance funções essenciais das organizações importado-
de todos contribuir para um mundo mais justo. ras é assegurar o cumprimento, na prática, dos
princípios do CJ, pelos produtores.
As organizações importadoras
Para além do preço justo e do pagamento anteci-
Uma das principais preocupações do CJ consiste pado, as organizações importadoras também dão
em reduzir o número de intermediários no circui- apoio aos produtores, aconselhando-os sobre:
to entre o produtor e o consumidor. Desta forma, – os produtos que melhor se vendem nos países
para além de uma empresa transportadora e de do Norte; 15
um exportador (nos casos em que os produtores – os requisitos que os produtos devem cumprir
não têm capacidade para gerirem por si mesmos para dar resposta aos interesses dos compra-
a exportação), existe uma organização importa- dores e respeitar a legislação dos diferentes
dora e uma loja. países;
Outra diferença é a relação de aliança que existe – os mercados dos seus produtos;
entre o produtor e a organização importadora. No – o desenvolvimento de novos produtos (em
CJ, esta relação baseia-se numa ligação directa e termos de concepção e design);
no respeito mútuo. As condições (preço, forma
– formas de administração e gestão, para melho­
de pagamento, etc.) são acordadas por ambas as
rar a sua capacidade organizativa.
partes. Estabelece-se uma relação comercial de
As Lojas do Mundo

Uma Loja do Mundo é uma loja especializada,


sem fins lucrativos7 que comercializa produtos
do CJ. Muitas lojas são geridas por cooperativas
de consumo, associações e ONGD (Organizações
Não Governamentais de Desenvolvimento), algu-
mas das quais também desenvolvem projectos de
Cooperação para o Desenvolvimento. O CJ é, para
elas, mais uma forma de diminuir a injustiça nas
relações entre o Norte e o Sul.
Não sendo o CJ uma ajuda mas sim, uma acti­
vidade comercial, deve cobrir todos os custos
envolvidos. As Lojas do Mundo têm o mesmo tipo
de despesas que qualquer outro comerciante:
aluguer e manutenção do espaço, administração,
impostos, entre outros. Embora seja frequente
16
7
A actividade comercial de uma Loja do Mundo gera receitas que
devem assegurar a sua continuidade e a realização de actividades de
Educação para o Desenvolvimento. O lucro das vendas é assim um meio
para alcançar os fins e não um objectivo em si mesmo.

Porque é que a etiqueta de alguns produtos do


Comércio Justo diz que foram fabricados na Europa?

Um dos motivos é que, na composição dos produtos, proporcionalmente ao grau de transformação dos mes-
intervêm matérias primas de diversas origens. O choco- mos. Apesar do CJ ter por objectivo o fabrico local dos
late, por exemplo, pode ser fabricado com cacau do produtos e contribuir para a alteração das condições
Gana ou da Bolívia e com açúcar do Equador ou das alfandegárias (que limitam a capacidade de desen-
Filipinas. A mistura final é elaborada na Europa com as volvimento industrial dos países do Sul), opta também,
matérias primas importadas destes países. por vezes, pela importação das matérias primas, a fim
Por outro lado, os direitos alfandegários que são pagos de reduzir os custos da transacção.
pela importação dos produtos, regra geral, aumentam
recorrerem a voluntários, existe normalmente – difusão: para divulgar os objectivos e as poten­
pelo menos uma pessoa contratada para a sua cialidades do CJ;
gestão e coordenação. – campanhas de lobbying: com o fim de pro­mo­
Os voluntários, para além de ajudarem muitas ve­ ver­ as mudanças necessárias, tanto no âmbi­to­
zes na gestão das vendas, têm um papel essencial político como empresarial, para contri­buir para
enquanto dinamizadores das acções de Educação a erradicação das situações de explo­ração ao
para o Desenvolvimento. Na Europa são cerca de nível da produção e do comércio.
100.000 os voluntários que contribuem para o Na Europa existem mais de 2.800 Lojas do Mundo,
reforço do movimento. concentradas na sua maioria na Alemanha (800
Para além das despesas inerentes à actividade lojas), Itália (500 lojas) e Holanda (412 lojas)8. As
comercial, as lojas têm ainda custos com activi- 11 Lojas do Mundo em Portugal mostram que o
dades de Educação para o Desenvolvimento. De movimento do CJ ainda tem muito espaço para
facto, as lojas de CJ não são apenas pontos de crescer no nosso país, sendo no entanto de salien-
venda. Para além de disponibilizarem informação tar que o aumento dos pontos de venda é apenas
sobre a origem e o fabrico dos produtos, aproxi- uma das vertentes da evolução do CJ.
mando o consumidor do produtor, desenvolvem
actividades de: 17
– sensibilização: para alertar para as desigual-
dades que o comércio internacional e o pre-
sente modelo de desenvolvimento fomentam;
para sensibilizar os cidadãos sobre o seu papel
enquanto consumidores e promover um con-
sumo mais crítico, responsável e solidário;

8
“Facts and Figures on Fair Trade in 25 European countries – 2005”,
FINE, disponível em www.ifat.org/downloads/marketing/FairTradeinEu-
rope2005.pdf
Outros actores do
Comércio Justo

18
Organizações de coordenação 4. FLO12 (Organização Internacional de Certifi-
cação do Comércio Justo), fundada em 1997,
À medida que o movimento do CJ se foi alargando
junta em rede iniciativas nacionais de certifi-
e desenvolvendo, outros actores foram surgindo.
cação (atribuição de selos). A FLO coordena
A multiplicação dos actores do CJ potencia a parti­
o trabalho das organizações certificadoras,
lha, o reforço mútuo e o trabalho em cooperação,
supervisionando, em particular, a harmoni-
ao mesmo tempo que evidencia a necessidade de
zação e o acompanhamento dos critérios. A
coordenação das actividades. Como resposta sur-
partir de 2001, representantes dos produtores
giram as organizações de coordenação.
começaram a fazer parte de seu Conselho de
Na maioria dos países existe, a nível nacional, uma Administração.
organização coordenadora que agrupa as Lojas
Estas quatro organizações coordenam a sua ac-
do Mundo e os importadores que divulgam o CJ e
tividade no seio da mesa-redonda FINE, formada
promovem a realização de actividades conjuntas.
com a primeira letra da sigla de cada uma delas
A nível internacional, as organizações de CJ estão (FLO, IFAT, NEWS e EFTA). Desde Abril de 2004 que
agrupadas em 4 entidades principais: a FINE tem um núcleo de lobbying em Bruxelas
1. IFAT9 (Federação Internacional de Comércio com o objectivo de coordenar as actividades de
Alternativo), criada em 1989, que agrupa lobbying do CJ tanto a nível europeu como inter-
nacional.
19
impor­tadores do Norte e produtores do Sul,
assim como outras organizações cuja missão O “Dia Mundial do CJ”13 é outro exemplo de uma
principal é apoiar o CJ. Do total aproximado de acti­vidade desenvolvida em comum e, desde
300 organizações em 60 países, cerca de 65% 2002, é celebrado no segundo sábado de Maio.
dos seus membros estão sedeados no Sul; Esta crescente cooperação a nível internacional
2. EFTA10 (Associação Europeia de Comércio Jus- con­tribui positivamente para o aumento do co­
to), criada em 1987, que agrupa os 11 maiores nhecimento público sobre o CJ14.
importadores europeus;
3. NEWS!11 (Rede Europeia de Lojas de Comércio
Justo), criada em 1994, que engloba mais de
2.400 lojas em diversos países europeus;

12
Para mais informação www.fairtrade.net
9
Para mais informação www.ifat.org 13
Para mais informação, inclusive sobre eventos passados,
10
Para mais informação www.european-fair-trade-association.org www.wftday.org
11
Para mais informação, inclusivé sobre campanhas, visitar a página 14
Para conhecer algumas das campanhas internacionais ver
www.worldshops.org www.maketradefair.com
É importante realçar que apesar da crescente to e permitem vendê-lo em esta­­belecimentos de
cooperação aos níveis europeu e internacional, comércio convencional. As organizações de certi-
o movimento do CJ continua a ser caracterizado ficação dispõem de um re­­gisto de produtores de
por uma grande diversidade de formas de organi- CJ, aos quais as empre­sas convencionais podem
zação, actividades e linhas de actuação. comprar produtos di­rectamente para os comer-
cializarem sob a sua própria marca. A concessão e
Organizações de certificação: utilização do selo de ga­rantia são supervisionadas
garantias para o consumidor pela organização de certificação.

Aos consumidores compete tomar uma decisão Já existem selos para vários produtos, tais como
consciente e crítica, o que só é possível se tiverem café, cacau, mel, chá, bananas, especiarias, algodão,­
acesso a uma informação credível. Ao comprar quinoa e bolas de desporto. Actualmente há 20 ini-
um produto de CJ, seja em que espaço comercial ciativas nacionais de certificação no mundo (Euro­
for, devem certificar-se de que os seus princípios pa, Canadá, EUA, Japão, Austrália, Nova Zelândia
foram respeitados. e recentemente México), responsáveis por pro­mo­
ver e certificar o selo de CJ nos seus países. Estas
O CJ baseia-se na transparência. A relação directa
iniciativas trabalham em rede através da FLO, que
e de longo prazo facilita o conhecimento mútuo e
inspecciona e certifica com regularidade cerca de
20 o intercâmbio de informação. São muitas vezes as
508 organizações de produtores em mais de 50
próprias organizações importadoras que garantem
países do Sul15.
a procedência dos artigos e o cumprimento dos
critérios de CJ por parte dos produtores. A apresen- Em Portugal, não existe ainda uma iniciativa nacio­
tação de relatórios, inquéritos, auditorias ou a reali­ nal de certificação. De qualquer forma, podem
zação de visitas aos centros de produção são os encon­trar-se selos de garantia em alguns produ-
meios utilizados. As organizações de coordenação tos provenientes de outros países:
que agrupam importadores e lojas têm, entre – Max Havelaar16 - surgiu na Holanda, em 1988
outros,­o objectivo de garantir o cumprimento dos – TransFair17 - originário da Alemanha, 1993
cri­térios estabelecidos para cada elo da cadeia.
– Fairtrade Mark18 - nasceu no Reino Unido, em
Com o alargamento do mercado do CJ e correspon­ 1994
dente aumento de pontos de venda e produtos ofe­ – Comercio Justo México19 - surgiu no México em
recidos, tornou-se necessário desenvolver novos 1999 e é a única organização certificadora do Sul.
mecanismos de controlo e verificação dos cri­térios.
Assim, surgiram os selos de garantia, emitidos pelas
Dados disponíveis na página de internet da FLO: www.fairtrade.net
15

organizações de certificação, que avaliam o produ- Para mais informação www.maxhavelaar.be


16
Para além da certificação de produtos existe ainda Essencial é também o trabalho de sensibilização
a possibilidade de certificar organizações, através das ONG sobre consumo responsável, princípios
de um selo de qualidade que o IFAT atribui às orga­ do CJ e relações comerciais entre o Norte e o Sul.
nizações suas associadas. Para usar o selo FTO A Clean Clothes Campaign (Campanha Roupas
– Fair Trade Organization (Organização de CJ) é Limpas)21 é um exemplo de uma campanha
necessário que se cumpram os critérios inerentes inter­nacional dinâmica que luta por melhorar as
ao CJ já mencionados. Cada FTO aceita um sis- condições de trabalho e a capacitação dos traba­
tema de verificação composto por uma avaliação lhadores na indústria mundial de vestuário e
regular, interna e externa. roupa desportiva.
Importa salientar que a certificação é uma questão Por último, mas não menos importante, existem
complexa. O aumento do consumo de produtos de os parceiros financeiros. O CJ tem beneficiado do
CJ, o alargamento dos actores envolvidos no movi- apoio de várias instituições financeiras éticas. A
mento e a maior visibilidade política traduzem-se Oikocredit22 é uma rede mundial de investidores
em grandes desafios. Levantam-se questões, no- (institucionais e individuais) sedeada na Holanda,
meadamente, quanto aos critérios a aplicar e aos que financia cooperativas, pequenas e médias
mecanismos de avaliação e controlo a utilizar. empresas e instituições financeiras, com enfoque
particular nos países do Sul e no microcrédito.
Outras organizações Cerca de 5% dos seus empréstimos destinam-se a
21
ligadas ao Comércio Justo produtores e importadores de CJ.

Para além das organizações de que já falámos, A Shared Interest23 é uma cooperativa financeira, se­
existem muitas outras que têm uma estreita liga­ deada em Inglaterra, que só concede emprés­timos
ção com o CJ e que também contribuem para um a produtores e compradores de CJ. O Triodos Bank24
comércio ético e justo. Existem, por exemplo, várias está presente na Holanda, Bélgica, Reino ­Unido e
organizações especializadas que ajudam os produ- Espanha e financia organizações certificadas­ de
tores do Sul a enfrentar as exigências do mercado produtores de CJ e/ou de agricultura biológica.
europeu através do apoio ao desenvolvi­mento de
produtos e formação técnica. É o caso da Asocia­
ción Diseño para el Desarrollo20 em Espanha.

17
Para mais informação www.transfair.org 21
Página espanhola da campanha em www.ropalimpia.org
18
Para mais informação www.fairtrade.org.uk 22
Para mais informação visitar www.oikocredit.org
19
Para mais informação www.comerciojusto.com.mx 23
Para mais informação visitar www.shared-interest.com
20
Para mais informação visitar www.disenoparaeldesarrollo.org 24
Triodos Bank Espanha em www.triodos.es
A evolução do
Comércio Justo

22
O movimento do CJ está a entrar numa nova fase, grande distribuição convencional, os novos ca­
afastando-se da modesta dimensão dos anos nais­incluem organizações locais de economia so-
60 para se tornar numa rede mundial envolven­ cial, lojas de produtos biológicos, lojas comerciais
do mais de cinco milhões de produtores e suas independentes e clientes institucionais (tais como
famílias nos países do Sul, centenas de organiza- escolas e administração central e local). Estes,
ções e milhares de voluntários no Norte. O estudo representam cerca de 20.000 locais de venda na
mais recente demonstra que na Europa, o maior Europa onde os produtos de CJ estão disponíveis,
mercado do CJ, as vendas aumentaram 154% em a acrescentar às cerca de 2.800 Lojas do Mundo
5 anos, representando um crescimento médio de e 56.700 supermercados26. Também a venda de
20% entre 2000 e 200525. produtos do CJ na grande distribuição conven-
cional, é um tema complexo e que divide opiniões
Uma importante alteração foi a introdução dos
entre as organizações de CJ, nomeadamente em
produtos do CJ, em especial os alimentares,
termos de colocação dos produtos em espaços
noutros canais de distribuição, acabando com a
comerciais com fins lucrativos e da vertente de
exclusividade das Lojas do Mundo. Para além da
sensibilização do CJ.

25
“Facts and Figures on Fair Trade in 25 European countries – 2005”, FINE 26
“Facts and Figures on Fair Trade in 25 European countries – 2005”, FINE
23
O Comércio Justo em Portugal

Os pontos de venda têm crescido, com destaque para produtos alimentares do CJ em 16 lojas de norte a sul
as Lojas do Mundo que perfazem um total de 11. Estas do país. Em termos absolutos, esta iniciativa permitiu
são abastecidas pela distribuidora portuguesa Equação multiplicar o número de pontos de venda. Na mesma
(fun­dada em 2004) e pelas importadoras espanholas ocasião o hipermercado Auchan, em Almada, criou
Alternativa 3, IDEAS e Intermón Oxfam e italianas Comer­ uma secção de produtos alimentares de CJ.
cio Alternativo e Ctm Altromercato. A nível político, o CJ foi pela primeira vez referido no
No que concerne à distribuição, em grande escala, o documento “Uma Visão Estratégica para a Cooperação
papel pioneiro coube à rede Lojas Coop (Grupo Coop)1, Portuguesa” aprovado pelo Conselho de Ministros em
que é gerida por cooperativas de consumidores. Após Novembro de 20052. Este documento identifica as orga­
um período experimental de dois anos, esta rede nizações de CJ como actores da sociedade civil, que
solidária de supermercados colocou, em Maio de 2006, desenvolvem e contribuem para a Cooperação para o
Desenvolvimento.
1
Para mais informação visitar a página da cooperativa de CJ Mó de 2
Documento disponível em www.ipad.mne.gov.pt/images/stories/
Vida: www.modevida.com Publicacoes/Visao_Estrategica_editado.pdf
A acompanhar a diversificação dos produtos do CJ, enquanto que algumas autarquias locais
disponibilizados está o alargamento do CJ aos optam por produtos do CJ para oferecer aos seus
serviços, nomeadamente catering27 (designado empre­gados em ocasiões especiais. É também
por Pausa Justa) e turismo ético. possí­vel consumir produtos de CJ nas cafetarias
de algumas universidades. Estas iniciativas, que se
Outro factor importante no desenvolvimento
enquadram no conceito Consumo Público Ético,
do CJ, nas últimas décadas, é a sua evolução no
são ainda incipientes em Portugal.
plano político que, apesar de lenta, tem sido
positiva, principalmente na Europa. O Parlamento Por fim, um dos factores essenciais na difusão do
Europeu aprovou no dia 6 de Julho de 2006 uma CJ tem sido o aumento dos consumidores que
“Resolução sobre Comércio Justo e Desenvolvi- optam pelos seus produtos, permitindo assim
mento”28 que reconhece o movimento como um contribuir para a defesa dos direitos humanos, a
meio eficaz na redução da pobreza, na promoção protecção do ambiente e a promoção do Desen-
do desenvolvimento sustentável e na criação de volvimento Sustentável. A força e o dinamismo de
oportunidades mais justas para os pequenos movimentos solidários como este só é possível se
produtores do Sul. São igualmente valorizadas as os princípios em que se acredita forem defendi-
campanhas de sensibilização dos consumidores dos com firmeza.
desenvolvidas pelas organizações de CJ29.
24
As instituições públicas têm também contribuído
para um maior conhecimento do CJ através das
suas próprias opções de compra. Por exemplo,
nas reuniões das várias instituições comunitárias
(Parlamento Europeu, Conselho da Europa, Comis­
são Europeia, entre outras) é servido café e chá

27
Serviço de refeições ligeiras com produtos do Comércio Justo, tais
como café, chás, sumos e bolachas, usualmente utilizado em pausas de
reuniões ou conferências.
28
Versão portuguesa da “Resolução sobre Comércio Justo e Desenvol­vi­
mento” do Parlamento Europeu em www.europarl.europa.eu/registre/
recherche/NoticeDetaillee.cfm?docid=195530&doclang=PT
29
Em 2001 o Conselho de Ministros do Desenvolvimento da União
Europeia aprovou uma “Resolução do Conselho sobre a Educação para
o Desenvolvimento e a sensibilização da opinião pública europeia a fa­
vor da Cooperação para o Desenvolvimento” que, no ponto 8 salienta a
importância do factor “comércio equitativo”, que constitui um método
eficaz de Educação para o Desenvolvimento.

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