De tempos que j passaram Venho aqui contar a histria De Filipa, a inglesa E de Joo, de boa memria
Foi quando vieram ao Porto O empenho agradecerem Em capitais e homens Para os espanhis vencerem
Dos vrios filhos que tiveram Da chama do seu amor Nasceu o pequeno Henrique Mais tarde, o Navegador
Henrique foi baptizado Em cerimnia na S Quando o padre deitou a gua O povo aplaudiu de p
D. Henrique era infante Mas queria ser cavaleiro Combater em grandes guerras Com a espada ser o primeiro.
Ento, ele e os irmos Pediram ao pai Joo Um barco muito grande Para ir vencer o papo.
A frica e aos Mouros Queriam ir fazer gura Estes atacavam o Algarve Para ficarem com esta terra.
Os habitantes do Porto Onde ele tinha nascido Deram-lhe vacas e porcos S tripas tm comido.
As caravelas assim equipadas Simples cascas de noz Juntaram muita gente Desde netos a avs.
Depois de ter ido a frica Henrique olhou de frente o mar Pois queria descobrir O que estava para l do olhar
D. Henrique mandou procurar Atravs do negro oceano Riquezas, especiarias E todo o tipo de pano.
As famlias despediam-se Ficavam no cais a chorar Pois os seus entes queridos partiam Para outras terras achar.
Os marinheiros com medo Puseram-se, ento, a gritar. No mar havia monstros Que os queriam agarrar.
O mar fervia agitado Como panela a arder O capito tremia angustiado S Deus lhe podia valer.
Agarrou-se, ento ao leme E jurou nunca o largar O vento uivou ferozmente E ele ps-se a cantar:
Sou
um capito aventureiro Ando procura de ilhas Contra o vento guerreiro Do trovo fao quilhas.
Tenho medo, com certeza Mas o medo hei-de vencer Tenho uma espada de coragem Para de frente o prender!
Orientando-se pelas estrelas No pararam de navegar Com astrolbio e quadrante Chegaram alm do mar.
Em cascas de noz pequeninas, Barcas, caravelas e naus, Trocaram pulseiras coloridas Por especiarias e cacaus.
D-me um pouco de limo Como remdio para a doena A carne e o peixe j l vo A gua no me compensa.
Quando a terra aparecia Muito alm do horizonte Era sempre uma alegria Descobrir uma nova fonte.
Assim chegaram frica ndia e ao Brasil Ao Japo e at China Em busca de coisas mil
Todos eles demonstraram Que o mar no papo, E nem h medos que venam Quem tem garras de leo
E de todos o primeiro Foi, ento, o grande Henrique Sempre a encorajar os marinheiros Sem temer barcos a pique.
Os Construtores dos Oceanos Portugal e o Conhecimento dos Mares, Na Crista da Onda 20,
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