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POBREZA E DESIGUALDADE SOCIAL

Subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos


(Nelson Rodrigues)
A POBREZA NO BRASIL
HENRIQUES, Ricardo. “Desnaturalizar a desigualdade e
erradicar a pobreza no Brasil”

“A pobreza é a questão mais urgente que o país


necessita enfrentar no início do novo milênio.
Temos cerca de 55 milhões de brasileiros pobres,
dos quais 24 milhões estão na condição de extrema
pobreza. Simplesmente 34% da população. (...) Essa
enorme quantidade de pessoas pobres encontra-se
mergulhada em um país cuja renda per capita não
permite considerá-lo pobre. Cerca de 77% da
população mundial vive em países com renda per
capita inferior ‡ brasileira. O Brasil encontra-se,
portanto, no quarto mais rico do mundo.”
“(...) o Brasil só perde em termos de
desigualdade para Malawi e África do Sul. Aqui,
a renda média dos 10% mais ricos representa 28
vezes a renda média dos 40% mais pobres.”

“(...) 1% da população, o 1% mais rico, detém


uma parcela da renda superior à apropriada por
metade de toda a população brasileira.”
“Naturalizada, a desigualdade não se apresenta
aos olhos de nossa sociedade como um artifício.
No entanto, trata-se de um artifício, de uma
máquina, de um produto de cultura que resulta
de um acordo social excludente, que não
reconhece a cidadania para todos, onde a
cidadania dos incluídos é distinta da dos
excluídos e, em decorrência, também são
distintos os direitos, as oportunidades e os
horizontes.”
“O velho modelo culinário, tipicamente brasileiro,
do crescer o bolo para depois distribuir, ou ainda
em sua versão nouvelle cuisine do crescer, crescer e
crescer como via única de combate à pobreza,
parece apresentar um pensamento que sucumbe à
inercia, não resistindo à complexidade da realidade
brasileira. O raciocínio simples, por vezes simplista,
parece operar por metonímias: pobreza resulta de
não riqueza, crescimento gera riqueza, riqueza
reduz pobreza. Desse modo, para combater a
pobreza só restaria, segundo esse raciocínio, a
estratégia do crescimento.”
Segundo Amartya Sen, prêmio Nobel de
economia, “(...) o desenvolvimento deve referir-
se à melhoria da qualidade de vida que levamos
e às liberdades que desfrutamos. Desse modo,
redistribuir a renda e a riqueza no Brasil emerge
como elemento central para erradicar a pobreza,
contribuir para a dinâmica do crescimento
econômico e criar as bases sólidas para o
desenvolvimento sustentado e solidário”
“Entre as diversas dimensões de inclusão dos pobres,
assegurando igualdade de oportunidades e condições
mínimas de cidadania, sabemos com certeza que a educação
é a principal explicação da desigualdade e, portanto, da
pobreza.”

“A educação até recentemente não fez parte da estratégia de


desenvolvimento do país. A acelerada expansão tecnológica
brasileira, constitutiva de nosso propalado período de milagre
econômico, esteve sistematicamente associada a um lento
processo de expansão educacional. O progresso tecnológico
claramente venceu a corrida contra o sistema educacional.”
“Do ponto de vista estrutural, é fundamental reconhecer
a desigualdade como principal fator de explicação do
excessivo nível de pobreza do país. … preciso conceber
programas de natureza compensatória, com prioridade
aos mais pobres, para enfrentar o horizonte de curto
prazo e programas redistributivos estruturais,
direcionados sobretudo para uma intensa redistribuição
de ativos na sociedade. Redistribuição de terra,
redistribuição de renda e de riqueza, acesso a credito e
educação universal de qualidade ó pilares de uma política
estrutural de erradicação da pobreza a partir da redução
da desigualdade.”
ROCHA, Sônia. “Pobreza e transferências de renda”

“Apesar das reconhecidas dificuldades operacionais,


vem ganhando importância no Brasil, desde
meados da década de noventa, mecanismos
antipobreza baseados em transferência de renda.
Não se trata de programas de renda mínima
universais e de valor compatível com o
atendimento das necessidades básicas, mas
geralmente da utilização de transferências
monetárias vinculadas a outras áreas sociais
focalizadas em clientelas específicas.”
“Alguns programas desse tipo, como o amparo
assistencial aos idosos e deficientes, expandiram a
clientela atendida e o valor do benefício, a partir de
programas existentes desde a década de setenta. Outros
foram criados recentemente, levando em conta a
prioridade já reconhecida do atendimento às crianças e
da função educacional da política antipobreza, como o
caso da bolsa escola, da bolsa alimentação e do programa
de erradicação do trabalho-infantil (PETI). Outros ainda,
como o auxílio-gás, têm como objetivo apenas repassar
para famílias de baixa renda o valor correspondente à
eliminação de um subsídio ao consumo, anteriormente
de caráter generalizado”
“Como a pobreza não se limita à insuficiência de renda,
dispêndios associados a outras necessidades dos mais pobres,
em particular aquelas vinculadas ao provimento de serviços
públicos básicos e os de promoção social, formam o conjunto
indispensável de ações no escopo de uma política
antipobreza. Tanto ações antipobreza como mecanismos de
política social de caráter universal resultam em despesas
genericamente consideradas como gasto social”

“O gasto social no Brasil - que inclui a totalidade dos gastos da


previdência, da saúde, da educação - equivale acerca de 20%
do PIB.”
“O consenso teórico sobre a necessidade de
priorizar as despesas voltadas à satisfação de
necessidades básicas de alimentação, saúde,
educação e saneamento, focalizando os mais
pobres, assim como de corrigir iniquidade
distributivas óbvias do gasto social, se defronta,
na prática, com obstáculos legais e políticos à
mudança.”
Conclusão:

“Adotar o combate ‡ pobreza como bandeira política consequente


requer a reestruturação do gasto social em geral e o redesenho dos
mecanismos voltados especificamente ao atendimento dos pobres.
Implica, ainda, que os mecanismos de financiamento do gasto público
levem em conta explicitamente desigualdades da distribuição de renda
no país. Especificamente na operacionalização de políticas
antipobreza, É indispensável concentrar o uso de recursos, antigos ou
novos, em políticas de objetivos claros e focalizados em populares
bem definidas. … essencial priorizar o atendimento aos mais pobres,
mas garantindo a eficiência operacional tanto de medidas assistenciais,
que apenas amenizam os sintomas presentes da pobreza, como
daquelas que têm o potencial de romper, de forma definitiva, o círculo
vicioso da pobreza.”
POCHMANN, Marcio. “Nova política de inclusão
socioeconômica”

“Desde 1500 para cá, houve menos de


cinquenta anos de pleno regime democrático”

“(...) necessidade de superar o conteúdo


clientelista e assistencialista presente no
conjunto das políticas públicas nacionais”
“Nas economias não desenvolvidas, como o Brasil,
não houve experiências consolidadas de
constituição plena do estágio de sociedades
salariais, conforme verificada no capitalismo
avançado, devido à condição de estruturação
incompleta do mercado de trabalho e da ausência
de uma efetiva distribuição secundária da renda. “


“De um lado, a economia nacional passou, entre as décadas de 1930 e
1970, por um importante ciclo virtuoso de industrialização nacional,
acompanhado da rápida e descontrolada urbanização, o que favoreceu
a constituição de um movimento rumo à estruturação do mercado de
trabalho, embora constrangido pelo enorme êxodo rural para as
grandes cidades. De outro lado, contudo, as reformas clássicas do
capitalismo contemporâneo não foram realizadas (agrária, tributária e
social), possibilitando a consolidação de uma sociedade apartada entre
os incluídos pelo mercado de trabalho organizado, com acesso ‡s
políticas sociais de garantia de uma certa cidadania regulada, e os
excluídos, mais conhecidos como despossuídos do progresso
econÙmico5 . Assim, o bolo cresceu sem distribuição justa da renda
nacional gerada, aprofundando a herança escravista de elevadas
diferenças entre ricos e pobres”.
“A partir de 1980, contudo, o Brasil ingressou
numa fase de estagnação da renda per capita e
da desestruturação do mercado de trabalho. As
baixas taxas de expansão da economia nacional,
acompanhadas de forte oscilação na produção,
impediram a geração de postos de trabalho
necessários para absorver a população
trabalhadora.”
Conclusão
“A partir de 1980, com o ciclo de estagnação da renda per
capita, não apenas se reverteu o movimento de
estruturação do mercado de trabalho, como se acentuou
a concentração da renda nacional. Nesse cenário, a
retomada sustentada do desenvolvimento econômico É
fundamental, porém não suficiente. Torna-se necessária a
construção de um sistema ˙nico de inclusão social, com a
reversão das prioridades, revendo procedimentos e
ampliando os esforços de apoio à emancipação
socioeconômica.”

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