Início e evolução clínica do parto • A contratilidade uterina é o fenômeno mais importante do t. parto, indispensável para fazer dilatar o colo e expulsar o concepto. • Evolução da contratilidade uterina no ciclo gestatório. • Propagação da onda contrátil no útero grávido. • Funções da contratilidade uterina. • Correlações clínicas. • O determinismo do parto Registro da Contratilidade Uterina • Registro da pressão intramiometrial. – Transdutores inseridos no miométrio para registrar as pressões em diferentes segmentos do útero. Em uso apenas em ensaios científicos. • Registro da pressão amniótica. – Transdutor inserido entre a bolsa amniótica e o útero. Ainda utilizado na prática clínica. • Registro da pressão placentária. – Adapta-se um catéter ligado a um manômetro no cordão umbilical durante o secundamento. • Registro da pressão com útero vazio. – Para estudo da contratilidade uterina no puerpério. • Tocometria externa. – Transdutor abdominal de pressão acoplado a um aparelho de cardiotocografia, embora menos preciso é o ideal para monitorar a contratilidade uterina durante o trabalho de parto e é isento de risco e fácil manuseio. Características das metrossistoles • Tônus uterino. – Corresponde a pressão miometrial em repouso, ou seja o menor valor registrado entre 2 contrações. Em geral é de 10 mmhg. • Frequência. – È o número de contrações observadas em 10 minutos de tempo. • Intensidade. – Trata-se do maior valor pressórico durante uma contração uterina. • Duração. – É o tempo entre o início e o final de uma contração uterina, medida em segundos. • Atividade Uterina. – É o produto da intensidade da contração pela frequência, expresso em mmhg/10 minutos (Unidades Montevideo – UM). Ou seja um útero que contrai com intensidade de 40mmhg e frequencia de 3 em 10 minutos apresenta atividade uterina de 120 UM. Características das metrossistoles • Trabalho Uterino. – É a soma das intensidades de todas as contrações uterinas durante o trabalho de parto ou parte dele, só pode ser medido se houver tocometria interna em todo o trabalho de parto. • Tríplice gradiente descendente. – Durante a gravidez quase todas as contrações ocorrem em pequenas áreas do miométrio. – Durante o trabalho de parto a onda contrátil têm origem em um dos dois marcapassos, direito ou esquerdo, localizados próximos da implantação das trompas, sendo o direito predominante. A onda se propaga no miométrio a 2cm/ segundo percorrendo o órgão em 15 segundos, de forma descendente e com intensidade maior nas porções superiores do corpo uterino, onde tem mais massa muscular. O útero ao relaxar o faz por igual e ao mesmo tempo. Isso explica o tríplice gradiente descendente, contrações mais intensas no fundo que se propagam do corpo para o colo. Evolução da contratilidade uterina • Gravidez. – Até 30 semanas a atividade uterina é muito pequena (<20 UM), cerca de 1 por minuto restritas a pequenas áreas do útero, surgindo ocasionais contrações de Braxton-Hicks. Em torno de 28-32 semanas ocorrem até 2 contrações por hora com tono entre 3-8 mmhg. • Pré Parto. – Após a 30ª semana a atividade uterina aumenta lenta e progressivamente, sendo que nas últimas 4 semanas (pré-parto) acentuam-se as contrações de BH que se tornam mais intensas e frequentes, melhorando sua coordenação se difundindo a áreas cada vez maiores na matriz, o tono se aproxima de 8 mmhg. • Parto. – O trabalho de parto é deflagrado quando as contrações atingem uma frequência de 2-3 em 10 minutos com intensidade de 30-40 mmhg (80-120 UM). Caracterizando o período de dilatação que ao final deste, a frequência vai para 4 em 10 minutos e intensidade > de 40 mmhg e duração de 50 segundos (160 UM). No período expulsivo são 5-6/10 minutos c/ intensidade de 50-60 mmhg e duração de 60-80 segundos (média de 250 UM). Com essas contrações associam-se as contrações voluntárias da paciente, ocorrendo os “puxos” (contratura da musculatura abdominal com a glote fechada), que impõe um acréscimo de até 50 mmhg na pressão intra uterina. Evolução da contratilidade uterina • Secundamento. – Continuam contrações rítmicas que descolam a placenta de sua inserção uterina e a impelem ao canal de parto, elas são indolores. • Puerpério. – Contrações diminuem até 1 em 10 minutos após 12 horas do parto. Em seguida a intensidade e número destas contrações estão cada vez mais reduzidas. Estas são mais intensas que as do parto não exprimem aumento real na força muscular. Funções da contratilidade uterina • Manutenção da gravidez. – O útero não está inativo durante a gravidez, sofre efeito de contrações incoordenadas e irregulares que impedem a deflagração do trabalho de parto, bem como o efeito do “Bloqueio progesterônico subplacentário”, onde a progesterona diminui a sensibilidade da fibra uterina, principalmente no sitio placentário. • Dilatação do istmo e apagamento do colo uterino. – A contração encurta o corpo uterino e exerce tração longitudinal no segmento inferior que se expande e o colo progressivamente se apaga e dilata (amadurecimento). Ao termo o colo dilata 1,8 cm e 2,2 cm e apaga 70% e 60%, nas nuliparas e multiparas. No parto cada contração torna o corpo uterino mais curto e espesso e o colo mais dilatado, o istmo é tracionado para cima, deslizando sobre o polo inferior do feto (dilatação circular) e apenas no expulsivo o estiramento longitudinal do segmento. A pressão da apresentação fetal e das membranas atuam em forma de cunha, constituindo o 2º fator responsável pela dilatação das porções baixas do útero. O progresso da dilatação depende da contratilidade uterina propagada, coordenada e com tríplice gradiente descendente. Todo esse processo pode ocorrer entre 10-12 hrs na primíparas e 6-8 hrs nas multíparas. Funções da contratilidade uterina • Descida e expulsão do feto. – A parte inferior do útero está presa à pelve por seus ligamentos redondo e uterossacro que acompanha as contrações projetando o fundo uterino para frente e direcionando seu eixo longitudinal para a pelve materna, o que auxilia a descida fetal. As contraões por encurtarem o corpo uterino empurram o feto através da pelve em direção ao exterior, essas contrações intensas são auxiliadas pelos puxos, onde o desejo de fazer força ocorre pela compressão do períneo, da ampola retal e de todo o assoalho pélvico pelo feto. • Descolamento da placenta. – Após a saída do bebe, o útero continua a contrair, reduzindo bastante de tamanho, retraindo-se muito, com isso o descolamento da placenta que não se reduz de forma tão marcante. • Hemóstase puerperal. – A atividade uterina após a saída da placenta exerce efeito de coibir a hemorragia no sitio placentário, que depende fundamentalmente do tono uterino, das contrações e da retração das fibras musculares, eliminando os coágulos e os lóquios da cavidade uterina. Fenômeno conhecido com “Globo de segurança de Pinard”.