MUDANÇA LINGUÍSTICA
Disciplina: Sociolinguística
Profª. Ma. Bruna Barbosa
Aula 26.03.18
Toda língua muda com o tempo
■ “A mudança linguística sempre tem sido encarada como um problema, como uma
coisa negativa, como um sinal de ruína, decadência e corrupção da língua (e da
moral de seus falantes. [...] os falantes mudam a língua o tempo todo. Porque é isso
mesmo o que acontece: somos nós, os falantes, que, imperceptivelmente,
inconsequentemente, vamos alterando as regras de funcionamento da língua,
tornando-a mais adequada e mais satisfatória para nossas exigências de
comunicação e interação.” (BAGNO, 2009, p.42)
A competência linguística do falante
comporta a heterogeneidade da língua
■ “o princípio de heterogeneidade linguística é um importante marco estabelecido
pela TVM dede o seu surgimento[...] Estreitamente relacionado ao princípio da
língua como um sistema dotado de heterogeneidade ordenada está outro, ligado à
natureza da competência linguística dos falantes frente a esse sistema.” (COELHO,
2015, P.62-63)
Nada na língua é por acaso
■ A língua é uma instituição social;
Latim: Paucu
Au o
Italiano: poco
Espanhol: poco
Português: pouco (que pronunciamos pôcu)
A língua é um sistema inerentemente
heterogêneo e ordenado
■ Fatores internos e externos;
■ Enquanto as variantes linguísticas são opções de dizer a mesma coisa de várias
maneiras, elas podem se distinguir em sua significação social e/ou estilística.
Ex.: concordância padrão –mos, favorecida com o aumento da escolaridade;
Estilo: maior recorrência do –mos em situações de maior formalidade.
“Desse modo, as regras variáveis da língua são sistemáticas, indicando padrões
linguísticos e padrões sociais e estilísticos de comportamento. O termo padrão, nesse
caso, é entendido como um uso regular e frequente de uma dada variante, isto é, como
uma tendência de comportamento linguístico.” (COELHO et al, 2015, 62)
Não “existe erro comum”
■ “Se a língua, por um lado, perde algumas antigas distinções, por outro lado,
também não para de ganhar novos mecanismos que permitem manter as
diferenciações antigas ou marcar as novas, que vão sendo exigidas pelo uso.”
(BAGNO, 2009, p. 47)
■ Esse/este
O boicote sistemático ao português
brasileiro
■ O poder e o privilégio da palavra escrita;
■ Visão dicotômica entre oralidade e escrita;
*consequências no ensino;
*gêneros textuais;
*ensino sistemático da língua falada;
■ Policiamento contra os usos mais brasileiros do português.
A escrita monitorada resiste, mas
também muda
■ Gêneros mais monitorados e gêneros menos monitorados;
■ “A Literatura não é um uso “nomal” da língua – é um uso muito específico, com
finalidades estéticas, criativas, vinculadas ao projeto pessoa do autor.[...] O cidadão
comum quer ser capaz de falar e de escrever para satisfazer suas necessidades de
comunicação e interação, e não para, a todo momento, produzir alta literatura.”
(BAGNO, 2009, p.52)
A questão do ideal linguístico
■ As pessoas que buscam a “língua certa” estão movidas pela busca de um ideal
linguístico;
■ “O grave problema, como temos visto, é que para atender essa demanda de um
ideal linguístico surgiu, ao longo da história, a ideologia purista, que tenta fixar esse
ideal em bases impossíveis de alcançar, quase sempre irracionais, distantes da
realidade dos usos da língua, numa estratosfera imaginária mais longínqua do
falante comum do que os anéis de Saturno...” (BAGNO, 2009, p.54)
As formas variantes como portadoras
de significado social
■ Formas mais estigmatizadas e formas menos estigmatizadas;
■ Estereótipos; Marcadores e Indicadores.
A comunidade como locus do estudo da
língua, não o indivíduo
■ Para Labov “comunidade de fala não é apenas um grupo de falantes que usa as
mesmas formas da língua, mas um grupo de falantes que, além disso, compartilha
as mesmas normas a respeito de usos dessa língua.” (LABOV apud COELHO, 2015,
p.68)
■ Gregory Guy (2001):
■ Os falantes devem compartilhar traços linguísticos que sejam diferentes de outros
grupos;
■ Devem ter uma frequência alta da comunicação entre si;
■ Devem ter as mesmas normas e atitudes em relação ao uso da linguagem.
A generalização da mudança através da
estrutura linguística não é uniforme nem
instantânea
■ Dentro do repertório linguístico do falante, pode acontecer, também, um
desfavorecimento gradual em prol da nova, de modo que a forma antiga assuma o
estatuto de arcaica ou obsoleta e, aos poucos, deixe de ser usada.
SINCRONIA E DIACRONIA