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Máfia do Verso

Literatura em Roraima
Você sabe ler?
Uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa.

(Gertrude Stein)
Noturno arrabaleiro

Os grilos... Os grilos... Meu Deus, se a gente


Pudesse
Puxar
Por uma
Perna
Um só
Grilo,
Se desfiariam todas as estrelas!

(Mário Quintana)
Amor bastante
Quando eu vi você
Tive uma ideia brilhante
Foi como se eu olhasse
De dentro de um diamante
E meu olho ganhasse
Mil faces num só instante

Basta um instante
E você tem amor bastante.
(Paulo Leminski)
Nossos cios
São cicios
Nossos ossos
São destroços
Nossos rumos
São aprumos
Nossas ganas
São insanas
Nossos traços
São em laços
Nossos medos
São enredos
Nossa cura
É a mistura
(Roberto Mibielli)
Cavalo selvagem Meu nome mesmo é cavalo
Cavalo solto no pasto
Veloz carreira que faço
Eu sou cavalo selvagem
Lavrado todo atravesso
Não sei o peso da sela
Caminhos no campo eu traço
Não tenho freio nos beiços
Eu corro livre galope
Nem cabresto
Transformo galope em verso
Nem marca de ferro quente Eu sou cavalo selvagem
Não tenho crina cortada Sou garanhão neste campo
Não sou bicho de curral Eu sou rebelde alazão
Eu sou cavalo selvagem Sou personagem de lendas

Selvagem é minha alegria Sou conversa nas fazendas


Sou filho livre do chão
De ser livre noite e dia
Eu sou cavalo selvagem
Selvagem é só apelido
Meu mundo é a imensidão.
(Eliakin Rufino)
CALÇADA COM MEIAS PALAVRAS também sou boca
e falo sempre
sou ouvidos falo muito
o que ouço me altera mesmo que seja pra dizer
a libido e a razão que não
o que não ouço dá queria ter dito o que disse,
espaço mesmo que seja pra dizer
a vozes outras que não
que me doem mais que um estou indo,
não mesmo que seja pra dizer
por isso, que não
acabou.
(Eli Macuxi)
Concretismo
 Paulo Leminski
T E AT R O

:) :(
V IR T U A L
Marcelo Perez
NU

Marcelo Perez
 Abre o e-mail,

a caixa de correios,
pontualmente,
todos os dias.
Nunca uma notícia.
Mas esperar que alguém se lembre,
o acalenta,
Como o afago da mãe que já não há.

(Devair Fiorotti)
Intertextualidade
 Monte Castelo – Legião Urbana
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor
Estou acordado e todos dormem
Todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que
tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,
e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e
não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna
para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser
queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é
paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não
se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a
verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca
falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte
profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte
será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como
menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei
com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas
então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então
conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a
esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"


Canção do exílio Minha terra tem primores,
Minha terra tem palmeiras, Que tais não encontro eu cá;
Onde canta o Sabiá; Em cismar –sozinho, à noite–
As aves, que aqui gorjeiam, Mais prazer eu encontro lá;
Não gorjeiam como lá. Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores, Não permita Deus que eu morra,
Nossos bosques têm mais vida, Sem que eu volte para lá;
Nossa vida mais amores. Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Em cismar, sozinho, à noite, Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Mais prazer eu encontro lá; Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. Gonçalves Dias
Minha terra não tem palmeiras… Nos mais diversos instantes …

E em vez de um mero sabiá, Mas onde o instante de agora?

Cantam aves invisíveis Mas a palavra “onde”?

Nas palmeiras que não há. Terra ingrata, ingrato filho,

Minha terra tem refúgios, Sob os céus de minha terra

Cada qual com a sua hora Eu canto a Canção do Exílio.


(Mário Quintana)
Canção do Exílio Facilitada

lá?
ah!
sabiá…
papá…
maná…
sofá…
sinhá…
cá?
bah!
(José Paulo Paes)
O beco O beco

Estupidificada pelo beco... Que importa a paisagem, a Glória, a


É o beco, é o beco, é o beco baía, a linha do horizonte?
É o eco, Seu Bandeira.
– O que eu vejo é o beco.

(Sony Ferseck) (Manuel Bandeira)


A brincar com a cor dos meus cabelos
Roraima
Com meu jeito de cantar
Em cantos de Makunaima
Nem preta nem branca
A manchar de camu-camu tua cor
Fugi da minha tribo
Encher de damurida teu sabor,
Para me perder no lavrado
teu ardor
Me refugiar ao Sol
Espere em Roro-ímã
Pintar de castanho
Antes da luz coroar
num deleite brando
Para que antes de partir
Sinuosa cor de tocar
Leve em seu peito (forasteiro)
Haja espelho em que me veja:
A muiraquitã que vou lhe ofertar
Boa Vista linda meu luar!

(Sony Ferseck)
ÁRVORE GENEALÓGICA Wanda e Lucas
filhos de brancas fugidas
Geralda fugiram juntos
uma mulher branca tiveram filhos
fugiu com um índio e não foram felizes para sempre.
tiveram filhos
e não foram felizes para sempre. Eu filha
eu fruto,
Benvinda admito:
uma mulher branca acredito na fugaz
fugiu com um negro felicidade das fugas
tiveram filhos e nas fugas
e não foram felizes para sempre. como felizes finais.
(Eli Macuxi)
Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na
vida.
[...]

(Carlos Drummond de Andrade)


Muito Obrigada!

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