“Como ato humano carregado de significados, a linguagem liga

os indivíduos entre si. Por ela se expressam sentimentos, dores,

raciocínios e ideias, esperanças, desejos; por ela a alma se expressa e
se mostra pela arte, sinais e signos. Ela, é pela sua alta complexidade o
grande milagre que fez passar o ser animal do homem ao ser social
consciente e civilizado que ele quer se tornar sempre e sempre.”
Stanislaw Azir
A COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA FALA
 A linguagem humana é complexa e,
portanto, depende da exposição a
diversos estímulos.
Para a criança aprender suas
primeiras palavras, é necessário,
primeiramente, possuir uma audição
saudável, e ser levada ao
desenvolvimento através da
convivência com adultos, copiando
suas ações.
A repetição das primeiras
palavras/fonemas é um processo
natural e de extrema importância
para o desenvolvimento infantil.
 “A história relata que o imperador da
Alemanha Federico Barbarossa quis demonstrar que
a língua germânica era a língua natural dos seres
humanos, em outras palavras, a língua que lhes havia
sido dada pelo próprio Deus, na criação do mundo.
Para isso, recolheu autoritariamente entre seu povo
quarenta recém-nascidos e confiou-os a um batalhão
de amas perfeitamente competentes e dotadas de
recursos para as disporem dos melhores cuidados.
Contudo, ordenou-as que criassem os bebês
no mais completo silêncio: elas jamais deveriam
dirigir-lhes a palavra e não podiam se quer conversar
entre si diante deles. O imperador estava convencido
de que bastaria atingir a idade de eclosão da Frederico
linguagem para ouvir os bebês se expressarem Barbarossa, imperador
Romano-Germânico de
espontaneamente na língua germânica, fornecendo, 1155 até sua morte.

assim, a prova do ele afirmava. O resultado obtido,

porém, ficou muito longe de suas previsões, já que
todos morreram ainda em tenra idade.”*
* Livro:” A criança saudável”
Aldo Naouri
 O cérebro
e a linguagem
 Vídeo:
“Setores do cérebro”
 A linguagem é um fenômeno cognitivo bastante complexo no
cérebro humano. Praticamente todas as regiões cerebrais estão
envolvidas de alguma forma na linguagem.

 Dominância hemisférica: Estima-se que 90% das pessoas

destras têm o a função da linguagem localizada no hemisfério
esquerdo do cérebro.

 Área de Broca / Área de Wernicke.

 Pierre Paul Broca
(Sainte-Foy-la-Grande, 28 de junho de 1824 — Paris, 9 de julho de 1880)
Cientista, médico, anatomista e antropólogo francês.
 Carl ou Karl Wernicke
(Tarnowitz, 15 de maio de 1848 – Gräfenroda, 15 de junho de 1905)
Médico, anatomista, psiquiatra e neuropatologista alemão.
 Os três sistemas funcionais da linguagem
Ao avaliá-la, Damásio* (1992) considera três sistemas funcionais:

• Operativo ou instrumental – Corresponde à região ao

redor da fissura de Sylvius no hemisfério dominante e
onde tem lugar o processamento fonológico.

• Semântico – Inclui extensas áreas corticais de ambos

os hemisférios e governa o significado das palavras.

• Mediação – Engloba áreas frontais, temporais e

parietais que rodeiam o sistema operativo e no qual o
léxico se organiza de forma modular.

*Médico neurologista e neurocientista

 António Rosa Damásio
Médico neurologista, neurocientista português, que trabalha no estudo do
cérebro e das emoções humanas. É professor de neurociência na
Universidade do Sul da Califórnia.
 Imagens do cérebro humano obtidas por tomografia de emissão de pósitrons revelam que a
circulação sanguínea cerebral aumenta em certas regiões, que diferem segundo o tipo de tarefa
efetuada. Pensar as palavras (embaixo, à direita) ativa a área de Broca.
DISTÚRBIOS DA FALA E LINGUAGEM
 FALA LINGUAGEM

 Processo motor  Etapa psíquica do

pensamento

 Ato de se expressar  Pode ou não ser

através de palavras expressada através
de palavras
 DISTÚRBIOS DA FALA

Os principais distúrbios da fala são:

DISFONIA

DISLALIA

DISARTRIA
 DISFONIA

Alteração na
produção de
voz, na qual a
voz produzida
não é
harmônica.
 Alteração anormal de timbre/intensidade do som.

 A voz pode ser rouca, bitonal ou de falsete.

 Ocorre por comprometimento da inervação motora das

pregas vocais. Nas paralisias bilaterais, pode ocorrer
afonia completa.

• Laringite
• Infecção do trato respiratório superior
• Broncoaspiração
• Mal de Parkinson
• Entre outros...
 DISLALIA
Omissão, substituição ou
deformação dos fonemas.
Basicamente consiste na má
pronúncia das palavras
contendo “R” e “L”, seja
omitindo ou acrescentando
fonemas, trocando um
fonema por outro ou ainda
distorcendo-os
ordenadamente. A falha na
emissão das palavras pode
ainda ocorrer em fonemas ou
sílabas.
 As dislalias podem ser classificadas em quatro tipos:

 Dislalia evolutiva: Normal em crianças, é corrigida gradativamente

durante seu desenvolvimento. Desaparece por volta dos 4 anos de
idade.

 Dislalia funcional: Caracteriza-se pela substituição de letras durante a

fala; não pronúncia do som; acrescente de letras na palavra ou
distorção do som. Nesses casos, pensa-se em hereditariedade,
imitação, alterações emocionais, hiperatividade, etc.

 Dislalia audiógena: Ocorre em indivíduos que possuem alguma

deficiência auditiva e, portanto, não conseguem imitar os sons.

 Dislalia orgânica: Decorre de alterações físicas, impossibilitando à

correta pronuncia.
• Omissão: Não pronuncia sons.
Ex.: "tomei“ = "omei"

• Substituição: Troca alguns sons por outros.

Ex.: "barata" = "balata"

• Acréscimo: Introduz mais um som.

Ex.: "Atlântico“ = "Atelântico"
 DISARTRIA

Dificuldade articulação da
fala causada por motivos
neurológicos.
É uma doença motora,
que afeta a capacidade do
indivíduo de movimentar
a boca da maneira correta
para entoar as palavras,
que não se formam.
O tipo de da extensão e
localização da lesão
podem condicionar o tipo
e sua gravidade.
 As disartrias podem ser classificadas em:

 Disartria Flácida: Causada por lesão no neurônio motor inferior,

é frequentemente acompanhada por voz rouca e diminuição da
força da voz. Outras características são consoantes soando
imprecisas e voz anasalada, além de perda de controle da
frequência vocal e da entonação de acentos.

 Disartria Epástica: É causada por lesão no neurônio

motor superior. Assim como a versão flácida, ela vem com a voz
anasalada e consoantes imprecisas, mas traz diferenças. As
vogais soam distorcidas, a voz fica estrangulada e existe
exagero na força da voz. Além disso, costuma estar
acompanhada de reflexos musculares anormais e espasmos.
 Disartria hipocinética: Pode ser causada por alterações nos
gânglios da base, partes do cérebro que estão relacionadas ao
movimento. É acompanhada por voz trêmula e rouca, pouca
acentuação das palavras e uma dificuldade geral com a
articulação, o que envolve tremor de lábios e língua, velocidade
da fala alterada e rigidez.

 Disartria hipercinética: Uma das principais causas são lesões

nos gânglios da base do cérebro. A voz se torna áspera, as vogais
são articuladas de maneira distorcida e há interrupção da
articulação das palavras. As entonação de acentos fica alterada
e há pouco controle da frequência vocal.

 Disartria atáxica: É a versão da doença cuja fala da pessoa

parece com a de alguém alcoolizado. Aspereza da voz, variações
na entonação dos acentos, voz de intensidade e altura estáticas,
fala arrastada, lenta e tremor dos lábios e língua.
 Disartria mista: Neste tipo de disartria, existem
alterações de dois ou mais tipos no mesmo indivíduo.
Vídeo:
Disartria
DISTÚRBIOS DE RITMO

As disritmolalias:
Vídeo:
Gagueira
DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM
 DISLEXIA

Transtorno específico de aprendizagem de

origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no
reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na
habilidade de decodificação e em soletração*.

*Definição adotada pela IDA – International

Dyslexia Association (2002) e pelo National Institute
of Child Health and Human Development – NICHD
  Indivíduos com dislexia apresentam inteligência
normal. Não há demais alterações no exame
neurológico.

 Disléxicos têm dificuldade na leitura de letras que

possuam semelhança visual (Ex.: P e Q; G e D…) ou
acústica (Ex.: D e T; M e N…).

 Dificuldade em juntar letras para formar as palavras

 Leitura lenta, sendo frequentes os erros por

omissões, inversões, repetições, substituições de
consoantes e vogais.
 TIPOS DE DISLEXIA
A dislexia pode ser classificada de várias formas, dependendo da
abordagem profissional e dos testes (fonoaudiológicos,
pedagógicos, psicológicos, neurológicos).
Geralmente o diagnóstico é feito por equipe multiprofissional.

Uma das possíveis classificações é feita com base na causa da

dislexia:
 ● Primária: Disfunção do lado esquerdo do
cérebro, persiste até a idade adulta, hereditário
e atinge leitura, escrita e pronuncia, mais
comum em meninos;

● Secundária: Pode ser causada por hormônios,

má nutrição, negligência e abusos infantis,
diminui com a idade;

● Trauma: Causada por lesões a áreas do

cérebro responsáveis por compreensão de
linguagem, raro em crianças.
 O novo dicionário internacional de saúde mental (DSM V)
retirou o termo dislexia para que outros termos mais
precisos como disgrafia, dislalia e disfasia recebam
preferência.

 Na maioria dos casos, o problema não é trocar letras, e

sim em identificar adequadamente os sinais gráficos,
letras ou outros códigos que caracterizam um texto.
 Métodos de ensino convencionais não suprem as
reais necessidades dos estudantes disléxicos.
É possível obter sucesso na escola com tutores e
programas de educação especializados.
  O desenvolvedor Victor Widell criou um site* que
simula como a dislexia afeta a leitura.
O site não recria totalmente a experiência de dislexia,
que pode se manifestar de inúmeras maneiras.

* https://www.huffpostbrasil.com/2016/03/14/este-site-simula-como-e-ter-dislexia_a_21687556/
 Para algumas pessoas com dislexia, as letras parecem
"pular". Outras, veem as palavras ou letras aparecerem
incompletas, de trás pra frente ou de cabeça para baixo, ou
algumas têm dificuldade em diferenciar determinadas letras.
Há também pessoas que não têm problemas em reconhecer
palavras ou letras, mas não conseguem pronunciar as
palavras. Outras desenvolvem uma dor de cabeça sempre que
tentam ler.
Apesar de suas limitações, o site foi elogiado por dar
uma noção dos desafios que as pessoas com dislexia
enfrentam:

“Eu tenho dislexia e.... as pessoas dizendo que não é isso que
um disléxico vê... darrr!!! Nada jamais vai mostrar com
exatidão a vocês, normais, como realmente é ler com dislexia.
Mas isso aqui chega bem perto.”
DangerDragonDude, no Reddit
 AFASIA

Distúrbio de comunicação,
seja por dificuldade ou
incapacidade de expressão
(oral/gráfica) ou de percepção
(audioverbal e/ou
visuoverbal),
independentemente de
qualquer alteração de origem
sensitiva, sensorial, motora ou
psíquica.
 Síndrome focal
Broca/Wernicke

 Dominância hemisférica

 Pode ser leve ou grave

dependendo do tamanho,
tipo e localização da lesão

 Plasticidade cerebral

• Tumores cerebrais;
• AVC;
• Doenças infecciosas (como a meningite);
• Acidentes com traumatismo cranioencefálico;
• Epilepsia;
• Malária cerebral
• Entre outros...
 TIPOS DE AFASIA
 Afasia de Broca / Expressão – Dificuldade para expressar os
pensamentos através da fala ou escrita, mesmo sabendo o
que quer dizer e possuindo intenções comunicativas.
(“palavra na ponta da língua”)

 Afasia de Wernicke / Compreensão – Dificuldade em

compreender a linguagem falada ou escrita, sem
necessariamente apresentar alterações auditivas ou visuais.

 Afasia global – As áreas de Broca e Wernicke são afetadas,

resultando em dificuldades tanto na compreensão como na
expressão.
 Afasia de condução – Defeito na associação de palavras
por lesão no fascículo arqueado ou longitudinal
superior.
◦ Afasia fluente, com boa compreensão verbal e fala espontânea
razoável, usualmente com presença de parafasias e dificuldade de
repetição de palavras.
Afasia nominativa – Quadro de anomia,
geralmente relacionado com lesão na área
perisylviana.

Afasia transcortical – Sério distúrbio de escrita,

embora o indivíduo possua boa compreensão da
fala, boa repetição e compreensão escrita. Tipo
de afasia que envolve a região frontal do
cérebro, com preservação da área de Broca.
 SEMIOLOGIAS DAS AFASIAS
• Mutismo;
• Esteriotipias: Inconsciente e/ou sem valor proposital;
• Anomia: Dificuldade em selecionar nomes;
• Parafasia: Emissão de uma palavra por outra;
• Neologismo: Palavras semelhantes, porém não existentes na
língua portuguesa;
• Agramatismo: Estruturação “estranha” na frase ou escrita;
• Jargão: Enxurrada de palavras incompreensíveis, articulada;
• Ecolalia: Repetição imediata da fala do outro;
• Taquilalia;
• Bradilalia;
• Distúrbios de leitura e escrita;
• Anosognosia: Inconsciência da própria doença (fala)
 Em indivíduos que possuem a habilidade de se
comunicar em mais de um idioma, é possível que a
língua aprendida não seja afetada.
Vídeo:
Afasia

16 :24
O PAPEL DOS PEDAGOGOS
 Como os distúrbios da
fala e linguagem podem
afetar a criança?
 Rendimento: Alterações no desenvolvimento da fala e da
linguagem podem ocasionar déficits linguístico-cognitivos.
Crianças com problemas de aprendizagem em decorrência
de alterações de linguagem, possuem dificuldades que
comprometem o seu desempenho em situação em sala de
aula, podendo levá-las ao fracasso escolar.

 Emocional: Indivíduos com distúrbios de fala e linguagem

também podem apresentar problemas emocionais, como
baixa autoestima, insegurança, desmotivação...

 Socialização: Nestes casos, pode haver prejuízo

significativo na interação com os colegas e professores
(bullying); podem apresentar problemas de
comportamento.
 Como lidar?
• Demonstrar desconforto • Ser paciente;
ao ouvir a criança;
• Compartilhar com os pais
• Interromper a fala ou e/ou responsáveis suas
completar suas frases; observações;

• Ressaltar erros e/ou • Considerar o problema de

dificuldades; maneira serena e objetiva;

• Corrigir o aluno com • Avaliar o desempenho do

frequência perante a aluno pela qualidade de
classe; seu trabalho;

• Ignorar suas tentativas de • Estimular a criança a

comunicação. estabelecer uma
comunicação.
  O pedagogo deve usar suas habilidades de
forma a auxiliar a evolução da criança com
distúrbios da fala e/ou linguagem e sua interação
positiva com as demais crianças.

Lembre-se:
Apesar de sua grande importância, o auxílio de professores não
dispensa o acompanhamento médico necessário para cada caso!
“É preciso uma aldeia inteira para
educar uma criança”
Provérbio africano
 Conteúdo simplificado.

 Pode sofrer modificações com as

atualizações em pesquisas/estudos.
 https://www.ted.com/talks/amy_cuddy_your_body_language_sh
*Fontes: apes_who_you_are?language=pt-br#t-252072
Último acesso de todos os links em 19/07/2018
https://www.youtube.com/watch?v=cg7VS7H-vyw
https://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/cerebro_e_a_lingua
gem.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Dam%C3%A1sio

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dislexia https://www.youtube.com/watch?v=bQvYZ0TkHjk

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dislalia https://www.youtube.com/watch?v=Ev_oKHWT_qk

https://www.youtube.com/watch?v=zdYWQUoD-O0 https://meucerebro.com/areas-linguagem-cerebro/

https://www.youtube.com/watch?v=Ev_oKHWT_qk https://www.youtube.com/watch?v=lBqShvm4QRA

https://www.youtube.com/watch?v=lBqShvm4QRA https://www.youtube.com/watch?v=nBDAu4uSAaU

https://www.youtube.com/watch?v=-GsVhbmecJA https://www.youtube.com/watch?v=e_3D552jHqk

https://www.youtube.com/watch?v=9nSSARnmwOQ https://www.joe.ie/news/researchers-claim-identified-cause-
cure-dyslexia-604114
https://tutores.com.br/blog/alguns-disturbios-da-linguagem-e-da-
fala/ https://www.infoescola.com/doencas/dislalia/

https://www.recantodasletras.com.br/redacoes/4344907 http://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/

https://www.tuasaude.com/como-ajudar-alguem-com- https://www.youtube.com/watch?v=7E4kQvBTqqA
dificuldade-em-se-comunicar/
https://minutosaudavel.com.br/disartria/
https://www.youtube.com/watch?v=LLf0Veu9eEI