Programa de Pós-

Graduação em Educação
para a Ciência

ANÁLISE DO DISCURSO: CONTRIBUIÇÕES (METODOLÓGICAS)

PARA PENSAR AS PESQUISAS EM ENSINO DE CIÊNCIAS

Profa. Dra. Fernanda Cátia Bozelli

Universidade Estadual Paulista – UNESP/ Faculdade de Engenharia – Ilha Solteira
Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência/UNESP/Bauru

Seminário do Programa de Pós-Graduação Multiunidades em Ensino de Ciências e Matemática (PECIM) 

25 e 26 de outubro de 2018
 ANÁLISE DO DISCURSO: O QUE É? COMO SE FAZ? E PARA QUÊ SERVE?
Eni P. Orlandi (2014)

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 ANÁLISE DO DISCURSO: O QUE É? COMO SE FAZ? E PARA QUÊ SERVE?
Eni P. Orlandi (2014)

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AD como estudo da AD como referência nas
Linguagem pesquisas em Ensino de
humana Ciências
Pesquisas em Ensino de Ciências no âmbito da linguagem

441 publicações
nas linhas
temáticas de
Linguagem do
ENPEC na
década de
2005-2015.

Fonte: SILVA, D. B. F. (2016)

Fonte: SILVA, D. B. F. (2016)
Aroaldo Veneu; Gleice Ferraz; Flavia Rezende. Análise de discursos no ensino de ciências: considerações
teóricas, implicações epistemológicas e metodológicas. Revista Ensaio | Belo Horizonte | v. 17 | n. 1 |
p. 126-149 | jan-abr | 2015.
■ A busca da palavra “discurso”
no título ou no corpo dos
artigos publicados nos últimos
cinco anos nos periódicos
Qualis A da área de ensino de
Ciências retornou:
 49% dos 93 artigos publicados
em 2008,
 57% dos 101
publicados em 2009,
 58% dos 122
publicados em 2010
 72% dos 123 artigos
publicados em 2011.
■ 32 discorrem sobre temas relacionados
à questões de ensino aprendizagem;
■ 15 apresentam discussão sobre
processos de interação discursiva;
■ 09 sobre a natureza e uso de textos
didáticos e de divulgação científica;
■ 08 sobre leitura e escrita;
■ 05 abordam a formação de
professores;
artigos ■ 02 discutem o currículo;
■ 04 artigos tratam de questões de
artigos metodologia da pesquisa;
■ 02 tratam da história da área de ensino
de Ciências;
 AD em pesquisas em ensino de Ciências
Serão as mesmas problemáticas para novas possibilidades de leituras?
■ ANDRADE, I. B. de; MARTINS, I. Discursos de professores de ciências sobre leitura. Investigações em Ensino de Ciências –
V11(2), pp. 121-151, 2006.
■ BOZELLI, F.C.; NARDI, R. O uso de analogias no ensino de física em nível universitário: interpretações sobre os discursos do
professor e dos alunos. RBPEC, Vol.6 , Num.3 – set./dez.2006.
■ BRUGLIATO, E. T. A produção de sentidos sobre a bomba atômica em
diferentes tipos de discursos. Dissertação de Mestrado em Educação – Faculdade
de Educação, Unicamp, Campinas, 2016.
■ FLÔR, C. C.; SOUZA, S. C. de Quando o dizer de um sujeito é objeto de pesquisa: contribuições da Análise do Discurso
Francesa para a compreensão da fala de professores em situação de entrevista. Ensaio, v.10 n.1 jun. 2008.
■ GOMBRADE, R. A interpretação da física das radiações ionizantes por meio da leitura de textos. 2018. Dissertação (Mestrado)
– Programa de Pós-Graduação em Ensino e Processos Formativos – Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Instituto e
Biociências, letras e Ciências Exatas, São José do Rio Preto, 2018.
■ MARTINS, I.; CASSAB, M.; ROCHA M.B. Análise do processo de re-elaboração discursiva de um texto de divulgação científica
para um texto didático. RBPEC, Vol. 1, Num.3 – Set./Dez.2001.
■ MONTEIRO, M. A. A.; SANTOS, D. de A.; TEIXEIRA, O. P. B. Caracterizando a autoria no discurso em sala de aula. Investigações
em Ensino de Ciências – V12(2), pp.205-225, 2007.
■ NASCIMENTO, S.S. do Diferentes fazeres, diferentes saberes : a ação de monitores em espaços não escolares. Ensaio, v.3 n.1
jun. 2001.
■ NASCIMENTO, T. O discurso da divulgação científica no livro didático de ciências: características, adaptações e funções de
um texto sobre clonagem. RBPEC, Vol.5 , Num.2 – mai./ago.2005.
■ ZANOTELLO, M. e ALMEIDA, M. J. P. M. de. Produção de sentidos e possibilidades de mediação na física do ensino médio:
leitura de um livro sobre Isaac Newton. Rev. Bras. Ens. Fis. [online]. vol. 29, no. 3, pp. 437-446, 2007.
 A Análise do Discurso (AD) nas pesquisas em Ensino de
Ciências
AD e sua relação com as estratégias metodológicas
Entrevista Gravação em áudio e
s vídeo
Independentemente das condições em que a
coleta de informações é realizada, em estudos
que tomam a AD como apoio teórico-
metodológico, as informações de pesquisa
obtidas não são encaradas como uma amostra
da realidade, como seu reflexo, como dados
que podem revelar uma verdade absoluta. Tais
informações possuem materialidade própria.
André Coelho da Silva; Maria José Pereira Monteiro de Almeida.
Estratégias para a Coleta de Informações numa Pesquisa com Apoio
Teórico-Metodológico na Análise de Discurso. RBPEC 17(3), 883–
902. Dezembro 2017.
Grupo Questionários
Focal
Na pesquisa de Silva e Bozelli (2018) a
busca por responder a pergunta: “quais
os sentidos de aula de Física para o
Ensino Médio no discurso de licenciandos
de uma universidade pública do estado
de São Paulo?” fez com que se utilizasse
da estratégia de grupo focal para ter
acesso aos discursos dos licenciandos.
Dayvid Bruno Fernandes da Silva, Fernanda Cátia Bozelli.
Sentidos de aula de física para o ensino médio no discurso
de licenciandos. ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 133-153,
mai./ago. 2018
 Anális
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AD
 Por não consistir em um método, não existe apenas uma
forma de se analisar o discurso, mas sim uma diversidade
de formas, as quais, em sua maioria, conservam mais
características qualitativas do que quantitativas.

Quanto a natureza dos dados: textos escritos, falas, as

quais foram obtidas em situação controlada pelo
pesquisador, como grupo focal ou entrevista, ou em
Análise situação não controlada como, por exemplo, uma atividade
de sala de aula.
de Discurso Caráter qualitativo - interpretativista
como estuda o objeto de investigação em seu contexto natural
na tentativa de dar sentido aos fenômenos levando em
referencial conta os significados que as pessoas lhe atribuem.
teórico;
teórico- usar a análise do discurso como referencial teórico-
metodológico indica o fato desta não se restringir a um
metodológic método. O nível de explicitação do desenho metodológico,
o; em alguns momentos, se restringe à nomeação de
categorias a serem utilizadas. Como consequência, ocorre
metodológic uma espécie de apagamento do caminho percorrido pelo
o; analítico pesquisador para chegar as suas conclusões. Fora de
considerações de natureza sócio-histórica, equivoca-se e
(?) esvazia a teoria.

(PINHÃO e MARTINS, 2009)

 A Análise do Discurso (AD) nas pesquisas em Ensino de
Ciências: contribuições (?)
 A produção acadêmica na área de ensino de Ciências tem sido
predominantemente qualitativa nos últimos anos;

 A AD é um campo de pesquisas que não possui uma metodologia pronta/acabada.

O que permite construções e olhares.

 Elementos constitutivos do delineamento teórico é que balizarão suas análises e

que constituirá o dispositivo analítico do pesquisador, o qual não se limita a um
único olhar.

 É o objeto (corpus) e os efeitos de sentido que vão impondo a teoria a ser

trabalhada, pois em AD, teoria e metodologia caminham juntas, lado a lado, uma
dando suporte a outra, não separando-as.
Orlandi (1993) afirma que a análise do discurso é um dispositivo teórico que
“encapa” o dispositivo analítico. Assim, como não existe método a priori, cabe ao
analista criar questões de pesquisa e metodologia que se sustentem no enquadre
teórico da análise do discurso.

Jonathan Chasko da Silva; Alcemar Dionet de Araújo. A METODOLOGIA DE PESQUISA EM ANÁLISE DO DISCURSO. Grau Zero — Revista de Crítica
Cultural, v. 5, n. 1, 2017.
 A Análise do Discurso (AD) nas pesquisas em Ensino de
Ciências: contribuições (?)

■ Quantidade significativa de pesquisas na área de Ensino de Ciências que tem

feito o uso da Análise do Discurso como referência teórico-metodológica. Isso
permite novas filiações teóricas para novas leituras das pesquisas que
realizamos.
■ A apropriação da teoria da AD tem possibilitado um uso mais efetivo e adequado
da mesma quanto a compreensão do que é o discurso e as suas materialidades
(textos, entrevistas, imagens, entre outros).
■ AD para além da sala de aula - engajamento com as questões sociais. Um olhar
para a linguagem, o sujeito e a sociedade.
■ Tendo em vista a variedade de tradições intelectuais em análise de discurso e o
crescimento do interesse sobre as questões discursivas pela pesquisa em ensino
de ciências, se coloca a necessidade de mapear e conhecer melhor esta
produção no âmbito nacional.
 A Análise do Discurso (AD) nas pesquisas em Ensino de
Ciências: contribuições (?)
 Volume de trabalhos produzidos na área e da mudança nos interesses de
pesquisa. Faz-se necessária maior interlocução entre os grupos de pesquisa e
quem sabe a produção de encontros que visassem à troca de informações entre
os pesquisadores em ensino de ciências que utilizam alguma vertente de análise
de discurso.

 Carência de trabalhos interessados em análises discursivas de textos tais como

currículos, questões de exames nacionais, textos de diretrizes curriculares,
enfim, documentos que exercem algum tipo de controle sobre as dinâmicas
escolares, bem como sobre a produção, distribuição e consumo de materiais
didáticos.

 A discussão sobre situações didáticas fora do contexto formal de ensino, que são
analisadas sobre a égide da AD.

 Estudos relacionados à investigação do discurso podendo assumir uma

pluralidade metodológica.
 Podemos dizer que já temos contribuições.
Resta-nos saber como as contribuições estão não só contribuindo com as
pesquisas na área de Ensino de Ciências, mas com o ensino de Ciências!
 OBRIGADO!

fernanda.bozelli@unesp.br