A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. A RDS tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações. É de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo com o disposto no art. 23 da Lei 9985/2000 e em regulamentação específica.
RDS Mamirauá (AM) - foi a primeira Reserva de
Desenvolvimento Sustentável criada no Brasil. As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável obedecerão às seguintes condições: I-É permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área; II-É permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento;
Artesanato com junco, feito por
morador da RDS do Rio Aripuanã III - Deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação; V-E é admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área. Assim como as Resex, as RDS também são geridas por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão governamental responsável (órgão estaduais, no caso das RDS criadas pelos estados, e o ICMBio, na RDS federal) e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área. As Reservas de Desenvolvimento Sustentável são preferencialmente estaduais e, diferente das Reservas Extrativistas, as populações da UC não precisam ser extrativistas, mas devem residir na área. A iniciativa da criação da RDS não precisa partir necessariamente da população local e esta tem menor poder sobre a gestão e os territórios que as populações das Resex. Outro ponto importante sobre as RDS é que elas devem ser áreas grandes e com significativa biodiversidade, e ainda, precisam ter uma parte delimitada para proteção integral. Existem 27 Reservas de Desenvolvimento Sustentável no Brasil, todas estaduais, com exceção da RDS Itatupã-Baquiá, no Pará, que é federal. Esta RDS foi criada em 2005 no município de Gurupá e engloba sete comunidades onde vivem aproximadamente 850 pessoas. As atividades econômicas da população são a extração de madeira, de frutas oleaginosas como a andiroba, do açaí, a pesca, a caça de subsistência e a agricultura familiar. Uma grande biodiversidade também é característica da área. São encontradas espécies vegetais como açaizeiro, andiroba e macacaúba, e da fauna, como pacas, veados, tatus e diversas espécies de primatas. Um exemplo de importante Reserva de Desenvolvimento Sustentável estadual é a RDS do Rio Iratapuru, no Amapá. Criada em 1997 com aproximados 806 mil hectares, a UC interliga o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e a Reserva Extrativista do Rio Cajari, e por isso é uma área de grande importância no Corredor da Biodiversidade do Amapá, que engloba 12 UCS e mais de 10 milhões de hectares. Expedições à região registraram a ocorrência de vários animais raros para a ciência ou ameaçados de extinção, tais como um sapo venenoso (Atelopus spumarius) somente encontrado na região, tamanduás-bandeira, ariranhas e onças- pintadas. Os moradores da RDS exploram principalmente a castanha-do-Brasil, mas também outras espécies como a andiroba, a copaíba e o camu-camu, e a pesca.
Pescador com um Pintado (Pseudoplatystoma
corruscans), na RDS do Rio Aripuanã. Com o objetivo de tentar esclarecer e reduzir dúvidas freqüentes em relação às Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDSs), o WWF-Brasil lançou, durante o V Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, que aconteceu em junho de 2007, em Foz do Iguaçu (PR), a publicação “Reserva de Desenvolvimento Sustentável - Diretrizes para a regulamentação”. O volume apresenta a sistematização resumida de estudos e debates que procuram abordar os principais pontos polêmicos relacionados a essa categoria de unidade de conservação de uso sustentável. Criar uma unidade de conservação não é tarefa fácil. Não tanto pelas dificuldades técnicas mas, sobretudo, pelas dificuldades que poderíamos chamar de políticas. A criação de unidades de conservação demanda estudos ecológicos, sobre a flora e a fauna, a situação fundiária, a ocupação humana e as atividades econômicas desenvolvidas na área. Mas, em geral, não são demasiadamente complexos e podem ser realizados sem maior dificuldade por uma equipe bem treinada. Além disso, recursos inimagináveis há 10 ou 20 anos atrás, como imagens de satélite, sistemas de informações geográficas, GPS e notebooks facilitam muito os estudos e permitem a elaboração de propostas com maior rapidez e melhor qualidade. Infelizmente, ainda falta uma regulamentação específica que resulte em diferentes práticas no que se refere aos processos de criação, proteção e gestão de RDSs e isso acaba gerando indagações entre gestores e ambientalistas.
Paisagem do rio Verde, Estação Ecológica Juréia-Itatins
-Aulas expositivas do Professor Dr. Geraldo Magela Sávio; -Brasil. 1981. Lei Nº 6.902 de 27/04/1981. Dispões sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e da outras providências; -Brasil. 1990. Decreto Federal Nº 99.274/6/1990. Regulamenta a Lei Nº 6.902 de 27/04/1981 e a Lei Nº 6.938 de 31/08/1981; -BRASIL 2000. Lei Federal Nº 9.985 de 18/07/2000. Regulamenta o artigo 225 da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e da outras providências. Autoria: Texto de Maurício Mercadante (consultor legislativo da Câmara dos Deputados e Diretor de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente de 2003 a 2008) (2010); -Depoimento de Sônia Wiedmann., Doutora em Direito Internacional do Meio Ambiente pela Universidade de Strasbourg (França) eprocuradora do IBAMA por 32 anos; -Download na Biblioteca on-line do WWF-Brasil; -Imagens: Google e http://observatorio.wwf.org.br/