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ESTUDOS DE GÊNERO E TEORIA QUEER:

Construindo corpo-políticas

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Prof. Dr. Ronaldo Trindade


(PPGB – Univás)
Breve história do feminismo
O que é Gênero?

É um conceito/categoria das ciências sociais,


elaborado no interior do pensamento feminista, que
diz respeito às diferenças socialmente atribuídas ao
feminino e ao masculino, cujas marcas se
inscrevem, sobretudo, nos corpos das pessoas. As
marcas de gênero se intersectam a outras marcas -
raciais, étnicas, de classe, de idade, de orientação
sexual, etc. – produzindo hierarquias, ou seja,
relações sociais assimétricas e desiguais em termos
de poder.
Sexo e gênero em Simone de Bouvoir
Para que serve?

Gênero oferece a possibilidade de um outro olhar


sobre a realidade, permitindo ler como as
desigualdades afetam, de modos distintos, homens
e mulheres nas suas relações uns com os outros:
homens-homens; homens-mulheres; mulheres-
mulheres. Possibilita analisar como operam as
hierarquias e qual a centralidade que as outras
marcas assumem.
Marcas de diferença

Marcas de gênero, classe, raça, orientação sexual,


etc., não são equivalentes. Quando hierarquizadas,
as marcas de gênero tendem a se fixar no pólo mais
“fraco” da balança, por ser a forma mais antiga e
naturalizada de distinção entre pessoas, coisas e
fenômenos. Na “balança” de gênero, o feminino e,
por consequência, as mulheres, ocupam as
posições mais vulneráveis.
Todas as culturas conhecidas apresentam sistemas
de gênero específicos, resultando em desigualdades
aparentemente “universais”. Por isso, algumas
diferenças tendem a ser consideradas “naturais”.
No entanto, a noção de gênero, tanto quanto a de
sexo, são construídas socialmente. Por isso, a
fórmula Sexo = natureza/ Gênero = cultura precisa
ser problematizada.
Matriz heterossexual

Gênero permite analisar como opera a “matriz


heterossexual”, por meio de uma série de
coerências do tipo:
• Mulher = Feminilidade = Passividade = Desejo
por homens
• Homem = Masculinidade = Agressividade =
Desejo por mulheres.

Uma vez naturalizado, o Gênero tende a coincidir


com sexo biológico ou “papéis sexuais”; cada
pessoa, definida pelo seu sexo, possui
determinadas funções a cumprir, dando origem a
“tipos sociológicos”.
• Essas posições, uma vez naturalizadas, dão forma
às instituições e práticas sociais: família, ciência,
religião, política, escola, arte, etc.
• Gênero permite desconstruir regras rígidas e
aparentemente fixas em todos esses campos,
embora todas as mudanças sociais levem um
tempo considerável.
• Consiste numa ferramenta importante no mundo
da ação política e da intervenção social.
Pensar com “lentes de gênero” é aprender a
interrogar cotidianamente sobre os efeitos de poder
nas relações e práticas sociais diversas. Sendo
construções sociais e arbitrárias, podem ser
modificadas. Portanto, gênero é, sobretudo, um
conceito político, uma ferramenta de
transformação das relações sociais.
O feminismo negro:
Novos desafios para o “sujeito do feminismo”.
Gênero e performatividade
QUEER:
Uma teoria deslocada
A teoria queer surgiu como argumento político e
contestatório ao movimento assimilacionista de gays
e lésbicas norte-americano, mas, sobretudo de gays,
aos impactos sociais da AIDS. O que começou como
uma discussão interna no movimento, foi sendo
sistematizado em linhas argumentativas que geraram
um importante cabedal conceitual e teórico que
desestabilizou a ideia de estudos de “minorias” e da
sexualidade como um aspecto tangencial das
dinâmicas sociais.
As políticas de liberação gay conseguiram o
reconhecimento de certos direitos civis e
também ganharam visibilidade no mercado
econômico. Houve certamente um avanço nas
problematizações, mas o caráter naturalizador e
essencialista ainda estava presente, além de que
muitas comunidades gays começaram a criticar
condutas sexuais e políticas que fugiam da
normalidade.
Algumas críticas foram feitas, além do caráter
naturalizador e essencialista, aos grupos de gays,
lésbicas e feministas, pois dentro dos mesmos as
problematizações e enfrentamentos se baseavam nas
realidades de sujeito(a)s da classe média e branca,
assim deixando de lado questões relacionadas à
raça/cor, classe social, desejos e práticas sexuais, ou
seja, as problematizações eram realizadas em cima de
sujeito(a)s que de alguma forma estavam na “norma” e
muito(a)s eram esquecido(a)s.
• Outro fator importante, para o surgimento do movimento
Queer, foi o aparecimento da Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (SIDA ou em inglês –
Acquired Immunodeficiency Syndrome – AIDS);

• Com a crise da AIDS, crise do movimento feminista


heterocentrado e branco, entre outros fatores surgem
as Políticas Queer que problematizavam os discursos
identitários, que em suas bases eram e são
excludentes e assim se contrapondo aos regimes
normativos.
Quando os estudos queer chegaram ao Brasil não
entraram pela via das demandas e debates dos
movimentos sociais, como nos Estados Unidos,
mas pelas portas da academia. Chegaram aqui por
meio da literatura dura e desafiante de Judith
Butler.
Os estudos queer começam a ser referenciados no Brasil no
mesmo momento no qual experimentávamos o fortalecimento de
políticas identitárias, entres estas estavam aquelas articuladas
pelo então movimento GLBT (gays, lésbicas, bissexuais,
travestis e transexuais). De maneira que uma teoria que se
proclamava como não-identitária parecia potencialmente
despolitizante. Não tardou para que algumas lideranças do
movimento LBGT brasileiro, muitas delas formadas na
militância da luta contra a aids, se pronunciassem contra “os
queer”.
Estávamos desafiando os limites normativos das identidades que
haviam servido, até então, como mote para demanda de direitos.
O queer, como pensamento crítico, se propõe justamente a
desafiar as identidades, não por niilismo, e sim a fim de
promover uma profunda revisão teórica e política. Questionando
não os sujeitos que “encarnam” identidades, mas a ordem social
e cultural que as constituí como aceitáveis e normais ou abjetas e
patológicas.
Trata-se, portanto, de operar a partir da
desconstrução como método capaz de nos dar
pistas de como alguns discursos chegam a instituir
verdades sobre comportamentos, corpos, pessoas,
instituições;
Algumas definições
Bixa Travesti
Experiências de (des) construções do corpo trans
A sexualidade foi e ainda tem sido vinculada com
a natureza, de tal modo que é utilizada como base
legitimadora da ordem social, da produção das
diferenças e desigualdades, sendo o apoio dos
discursos proferidos pelo(a)s dominantes (classe
média e alta, heterossexuais, branco(a)s, homens),
pois estabelecem normas para dominarem.
Partindo desse pressuposto, Gayle Rubin (1989)
afirma que o sexo foi ao longo dos tempos sendo
reprimido e construído como uma prática
pecaminosa, quando existem variações (quando vai
além do sexo reprodutivo), principalmente pelas
instituições religiosas cristãs e mais tarde pela
medicina, psiquiatria e psicologia, que
patologizaram essas práticas sexuais que fogem do
sexo para procriação em sua vertente “tradicional”.
• Sendo assim, é fundamental para a perspectiva Queer a
desnaturalização das sexualidades e dos gêneros;
• A famosa frase de Simone de Beauvoir, ajuda a pensar dessa
forma, “não se nasce mulher, torna-se uma”, o que por extensão,
também podemos afirmar que não se nasce homem, tão pouco
homossexual, heterossexual, bissexual ou qualquer outro atributo
que reduza o ser humano a uma identidade fixa e totalizada.
• Com isto o sistema sexo/gênero é como se formam as mulheres
(estereótipos do que é ser mulher - ser delicada, educada,
cuidadora do lar, entre outros) e os homens (macho, que não tem
medo de nada, sustenta a família, entre outros);
• Rubin (1975) anuncia que o sistema sexo/gênero serve como
um dispositivo para controlar e disciplinar as pessoas,
cristalizando e normatizando.

• Os Discursos Queer surgiram problematizando e fazendo


críticas as políticas identitárias, pois negam o caráter natural
da identidade (antiessencialista) com seu caráter fixo e
estabelecido, Deste modo, colocam as pessoas como
construções sociais que estão sempre abertas e em constantes
transformações;
• As identidades são produzidas socialmente,
historicamente e geograficamente, no entanto
juntamente com a diferença a identidade tende a
ser naturalizada, dadas como algo que sempre
existiu e que deve continuar;

• A identidade parece ser positivada como “aquilo


que sou”, no entanto traz uma lista extensa de
negações, “aquilo que não sou”.
• Assim, a noção de identidade pressupõe uma relação de
semelhança com determinado modelo que é imposto, seja
pela família ou sociedade, assim esquece-se que possa
existir as mais variadas diferenciações e se nega os
diversos tipos de masculinidades e feminilidades;

• Entendemos que a noção de identidade pressupõe uma


semelhança essencial com algo que é imposto como igual,
criando pessoas não pensantes, alienadas até e
principalmente em seus desejos, ou seja, uma imposição de
como se deve “ser” e “desejar” em sua existência;
• Assim, a noção de identidade pressupõe uma relação de
semelhança com determinado modelo que é imposto, seja pela
família ou sociedade, assim esquece-se que possa existir as mais
variadas diferenciações e se nega os diversos tipos de
masculinidades e feminilidades;

• Entendemos que a noção de identidade pressupõe uma


semelhança essencial com algo que é imposto como igual,
criando pessoas não pensantes, alienadas até e principalmente
em seus desejos, ou seja, uma imposição de como se deve “ser”
e “desejar” em sua existência;
• Ao colocar em xeque as coerências e estabilidades que, no
modelo construtivista, fornecem um quadro compreensível e
padronizado da sexualidade, o queer revela um olhar mais
afiado para os processos sociais normalizadores que criam
classificações, que, por sua vez, geram a ilusão de sujeitos
estáveis, identidades sociais e comportamentos coerentes e
regulares.
• Judith Butler (2003) já assinalava que as reificações de gêneros
e identidades cristalizam hierarquias e alimentam relações de
poder, o que normaliza corpos e práticas, reproduzindo
privilégios e exclusões. Essa normalização das identidades – e
sua consequente opressão – define padrões de comportamento
rejeitando as diferenças.
• Daí as identidades serem tomada por Butler como normalizadoras,
pois fixam e reificam “papéis sociais”: homem, feminino,
masculino, negro, branco etc., perpetuando e reproduzindo
subordinações;

• Conquistar direitos pode ser, em parte, ajustar-se à sociedade.


Servir ao exército implica reconhecer que achamos legítima a
necessidade de exércitos e implicitamente de guerras; casar pode
estar levando a reificar esta forma de relação, no sentido de
mostrar que é a única ou a melhor possível para se viver afetos e
sexo; adotar filhos e constituir família pode levar a pensar que
esses agrupamentos são de maior qualidade do que viver o sexo de
modo livre.
A proposta política queer não aponta para nenhuma divisão, antes
é um apelo unificador à experiência comum de gays, lésbicas,
bissexuais, travestis, transexuais e outro(a)s, ou seja, a
experiência da vergonha. Ser chamado, leia-se, ser xingado de
bicha, gay, sapatão, travesti, anormal ou degenerado(a) é a
experiência fundadora da descoberta da homossexualidade ou do
que nossa sociedade ainda atribui a ela, o espaço da humilhação e
do sofrimento. Transformar esta experiência em força política de
resistência é o objetivo da proposta original queer.

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