Grande livro que fala Desta nossa leseira Brasileira Mas com aquele forte cheiro e sabor do Norte Com fuxicos danados E chamegos safados De mulecas fulôs com sinhôs. A mania ariana Do Oliveira Viana, Leva aqui sua lambada Bem puxada. Se nos brasis abunda, Jenipapo na bunda, Se somos todos uns Octoruns Que importa? É lá desgraça? Essa história de raça, Raças más, raças boas – Diz o Boas – É coisa que passou Com o franciú Gobineau. Pois o mal do mestiço Não está nisso Está em causas sociais, De higiene e outras coisas que tais Assim pensa, assim fala Casa Grande & Senzala Livro que à ciência alia A profunda poesia Que o passado evoca E nos toca A alma do brasileiro, Que o portuga femeeiro Fez e o mau fado quis Infeliz! A mestiçagem como questão nacional e distintiva de nossa singularidade.
“ Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma quando
não na alma e no corpo, a sombra ou pelo menos a pinta, do indígena e ou do negro”, afirmava Freyre (1933, p. 307) “Foi o estudo de antropologia do professor Boas que primeiro me relevou o negro e o mulato em seu justo valor – separados dos traços de raça os efeitos do ambiente ou da experiência cultural. Apreendi a considerar fundamental a diferença entre raça e cultura; a discriminar entre os efeitos e relações puramente genéticas e os de influencias sociais, de herança cultural e de meio. Nesse critério de diferença fundamental de raça e cultura assenta todo o plano deste ensaio. Também na diferença entre hereditariedade de raça e hereditariedade de família.” P 32. “ O Contexto Freyre é o último pensador de um período e o primeiro de uma nova safra, dado pelo abandono do discurso jurídico e adoção do discurso sociológico.
Semana da arte moderna de 1922, uma revolução estética que
denuncia a ingenuidade do ufanismo e busca a valorização das coisas do país. As mobilizações sociais dos trabalhadores e a fundação do Partido Comunista Brasileiro. As ideias católicas em larga circulação que representa uma reação tradicionalista. Plano de imigração brasileiro e tentativa de definição de um povo.
Estes processos marcam o desgaste do pacto oligárquico e a chegada
do industrialismo no Brasil com a chegada do Estado Novo. 1937 Formação econômica e civilização tropical Formou-se no Brasil uma sociedade condicionada pelo sistema de produção monocultor latifundiário. Sistema “Semi-feudal”. A civilização do açúcar não é europeia é “mais- que-europeia”, da junção do oriente com o ocidente em Portugal, transplantou-se para cá uma nova civilização e um desafio de se construir uma civilização nos trópicos. CASA GRANDE E PATRIARCALISMO Casa Grande mantém a coesão patriarcal e religiosa: base da coesão nacional. Um patriarcalismo absorvente, e uma família extensa. visão conservadora: o patriarcalismo amparava os escravos. (p.51) A ruptura com a tradição ocorre quando o indivíduo não reconhece mais o seu lugar. Família e propriedade se unem. A moderna propriedade capitalista e o impessoalismo advindo com a modernidade é desequilibradora da ordem social, pois é destruidora da autoridade que lhe é constitutiva. A autoridade mantém a coesão social, a lealdade pessoais e as obrigações entre as pessoas. (BASTOS, 2006 p.186) A vida sexual da família brasileira. Sadismo, masoquismo, sifilização, prostituição e onanismo. A vida sexual aparece em seu cotidiano, com os simbolismos sexuais nos nomes de doces: papo de anjo, barriga de freira, suspiros-de freira. A Sifilização e a Civilização (p.115) Aparece a predileção do branco pelas mulatas, e as relações promiscuas do senhor com suas escravas. (p.456) Um comportamento sádico dos senhores que se perpetua em nossas classes dominantes. (p. 114) A miscigenação Inspirado em Franz Boas, Freyre se afasta das ideias de determinação racial. Considera “fundamental a diferença entre raça e cultura”. Junção racial foi interpretada como melhora das espécies. Influencia lamarckiana. 1 o meio determina as raças. 2 as características adquiridas são passadas para as futuras gerações. Miscigenação afeta toda a sociedade brasileira, não é apenas sexual. O PORTUGUÊS E O NEGRO -Passado étnico português, entre a Europa e a África lhe confere uma plasticidade.
- Enquanto os anglo-saxões preocupavam-se com a
raça, o português esquecia a raça e preocupava-se com a religião do indivíduo. - A influência africana “amolece as institiuições” Um Proust nos trópicos A história social da casa-grande é a história íntima de quase todo brasileiro: da sua vida doméstica, conjugal sob o patriarcalismo escravocrata e polígamo; da sua vida de menino; de seu cristianismo reduzido à religião de família e influenciado pelas crendices da senzala... P.44 O método e o discurso político Equilíbrio de antagonismos p. 116
Um amolecimento da língua e dos costumes nos trópicos,
dado pelo caráter plástico do português em contato com índios e negros. P. 414
O “&” que liga Casa Grande e Senzala significa
interpenetração de tipos. A interpenetração dominação/submissão concorre para a estabilidade da sociedade brasileira. (BASTOS, 2006 p179)
Discurso sociológico torna-se discurso político dentro do
pacto de 1930. Patriarcalismo: Uma sociedade sem classes?
A centralidade da família como espaço da
manutenção da tradição contra a degradação da modernidade burguesa será central para a recuperação das forças oligárquicas familistas. Para Edward Thompson o termo “patriarcalismo” é genérico e não capta as relações antagônicas entre cultura e política. O termo também oferece uma visão idílica e pessoalista de passado. Para Elide Rugai Bastos.... É no quadro do patriarcalismo que Freyre encontra o fundamento à afirmação da não existência dos antagonismos de classe. Os elementos que poderiam apresentar-se como antagonismos irreconciliáveis são vistos como constitutivos de um conjunto: a cultura patriarcal. Este pano de fundo servira reiteradamente na historia do pensamento brasileiro para dar conta da “ordem social”. Todavia, ao afirmar a unidade cultural básica da formação brasileira, carrega a contrabando a reafirmação da indissolubilidade das relações sociais. Afirmar a unidade cultural é não admitir que cada grupo possa elaborar modos próprios de expressão dos antagonismos. Implica negar que as formas culturais existentes no escravo, no agregado, possam ser expressões não organizadas de protesto sobre sua condição de vida e trabalho. E, ainda, negligenciar a rejeição por parte dos subordinados, de certos símbolos e ritos constitutivos da cultura dos que detém o domínio social como uma forma de expressão do conflito social.( BASTOS 189) O pensamento conservador nega a possibilidade do escravo ter sido agente de sua liberdade. as revoltas do século XIX não são pensadas como formas embrionárias da luta de classes. Gilberto vê nessas rebeliões e erupções de violência psicológica, que logo apagariam num quadro de ordem e equilíbrios sociais. O discurso da democracia racial
O Brasil é um país tolerante.
Os preconceitos de cor estão mais vinculados à questão de diferença de renda do que a um racismo étnico. Contexto de 1930/40: Brasil torna-se exemplo para o mundo de uma nação que soube equacionar seus problemas raciais. Contexto de 1960/70: Ideologia oficial do Estado ditatorial Bibliografia BASTOS, Elide Rugai. As criaturas de Prometeu: Gilberto Freyre e a formação da sociedade brasileira. São Paulo, Global, 2006.
Freyre, Gilberto. Casa Grande & Senzala: Formação da família
Brasileira sob o regime da economia patriarcal. 51ª edição. São Paulo, Global, 2006.
ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira & Identidade Nacional. 5ª