“um agrupamento de textos de acordo com diversas características comuns, isto é, não apenas as de natureza formal.” Uma determinada cultura convencia determinadas formas de textos para uma finalidade. Na classificação de José Luiz Fiorin, eles são caracterizados por uma temática, uma forma de composição e um estilo. Os gêneros literários mais comuns do Antigo Testamento são: Mitos, lendas, códigos legais, genealogias, anais, profecias, odes, poemas, salmos, orações, lamentações, provérbios, literatura sapiencial e apocalipses. Os gêneros do Novo Testamento são: evangelhos, atos, cartas, ordens eclesiásticas, testamentos, cartas e apocalipses. Algumas advertências sobre os gêneros na Bíblia: 1 - As narrativas bíblicas não podem ser tomadas como história no sentido moderno. Os autores narravam os acontecimentos interpretando-os a partir de sua experiência de fé. Os fatos são entendidos dentro de uma relação entre Deus e o mundo. Os fatos verossímeis são história teológica. 2 - A história para os antigos hebreus está repleta de acontecimentos que rompem com a expectativa da normalidade: Milagres, animais falantes, visões, curas, manifestação de Deus (teofanias). Todo o fato que ultrapassa as leis naturais narrados dentro da história do povo de Israel pode ser tomado como história teológica. Algumas narrativas incluem mitos. II – FIGURAS DE LINGUAGEM As figuras de linguagem são recursos estilísticos que os autores utilizam para enriquecer a linguagem. A identificação das figuras de linguagem é necessária para o leitor entender que as palavras naquela situação não estão em seu sentido ordinário da língua. A metonímia toma uma palavra no lugar da outra. É necessário haver alguma relação entre estas palavras. A causa aparece no lugar do efeito ou o efeito no lugar da causa. Exemplos: Jr 18, 18 – “Vinde, firamo-lo com a língua”; A sinédoque faz uma substituição da parte pelo todo ou vice-versa. Exemplo: Pv 1, 16 – “os seus pés correm para o mal”. A comparação é a união entre dois elementos a partir de uma característica comum entre eles. Sl 102, 3 – “Porque os meus dias se consomem como fumo, e os meus ossos ardem como lenha”; A metáfora é uma comparação direta sem o uso de elementos de união entre os termos comparados. 2º Sm 22, 29 – “Porque tu, Senhor, és a minha candeia; e o Senhor esclarece as minhas trevas”. A personificação atribui características humanas a objetos inanimados, a animais e a conceitos. Exemplo: Is 35, 1 – “O deserto e a terra se alegrarão...” A elipse é a omissão de uma ou de algumas palavras que deixa a frase gramaticalmente incompleta. Exemplo: 1 Cor 15, 5 - “Os doze” representa “os doze apóstolos”. A hipérbole exagera uma informação para dar ênfase. Exemplo: Dt 1, 28 - “...as cidades são grandes e fortificadas até aos céus...”. O pleonasmo é uma figura também comum. É uma repetição de palavras para nós, aparentemente, desnecessária. Exemplo: Jó 42, 5 –“Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi”. III – MITOS DE ORIGEM O Gênesis utilizou narrativas populares para explicar a origem do mundo e da civilização. Esses mitos expliquem fatos de um passado muito longínquo. Expliquem como começou o mundo, a diferença de sexos, o começo do mal, os gigantes e as línguas. Os 11 primeiros capítulos do Gênesis contêm 6 mitos:
1º Mito da criação do céu e da terra (Gn 1).
2º Mito da criação do homem (Gn 2). 3º Mito do paraíso terrestre (Gn 3). 4º Mito dos nephilîm (Gn 6). 5º Mito do dilúvio (Gn 7-9). 6º Mito de Babel (Gn 11). GÊNESIS – OS MITOS DE ORIGEM
Gênesis é o primeiro livro de um bloco
chamado de Pentateuco (Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio). O livro de Gênesis pode ser subdividido em duas partes: 1-11 contém os mitos de origens e 12-50, a história dos primeiros patriarcas. As duas partes podem se desmembradas nos seguintes trechos:
1º - A criação do mundo (Gn 1, 2);
2º - o pecado da humanidade (Gn 3, 4); 3º - Noé e o dilúvio (Gn 5-9); 4º - a formação das nações e das línguas (Gn 10, 11); 5º - Abraão e a formação do povo de Deus (Gn 12-38); 6º - José, o povo de Deus a caminho do Egito (Gn 39-50).
De modo geral, o Gênesis apresenta a história
das origens do mundo e dos primeiros patriarcas do povo hebreu. A história do mundo (Gn 1,1–9,19) A história de Abraão (Gn 11,27–50), Texto de transição (Gn 9,20–11,26)11