º ano
MODERNISMO EM PORTUGAL
FIM
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos berros e aos pinotes —
Façam estalar no ar chicotes,
Eu não sou eu nem sou o outro, Chamem palhaços e acrobatas.
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio Que meu caixão vá sobre um burro
Que vai de mim para o Outro. Ajaezado à andaluza:
A um morto nada se recusa,
Indícios de Ouro, Lisboa, 1914 Eu quero por força ir de burro...
Paris, 1916
Maternidade,
1935
Retrato de Fernando
Pessoa, 1954.
Novo Plural 12 | 12.º ano
GERAÇÃO DE
ORPHEU
Algumas obras
Entrada, 1917.
Pintura com
colagem, 1917.
«Pertenço a uma geração que ainda está por vir, cuja alma não conhece já,
realmente, a sinceridade e os sentimentos sociais.»
Fernando Pessoa
«Isto de ser moderno é como ser elegante: não é uma maneira de vestir mas sim
uma maneira de ser. Ser moderno não é fazer a caligrafia moderna, é ser o legítimo
descobridor da novidade.»
Almada Negreiros, conferência «O desenho», Madrid, 1927.
«Porque eu não gosto de Rodin ou Ticiano, todos me dizem que sigo um mau
caminho. E porquê? Se cada um se fiasse no caminho que nos aconselham nada de
mais se fazia, pois que eles, os outros, só sabem indicar-nos as suas próprias
pisadas.»
Amadeo de Souza-Cardoso