Psicologia, Quelimane Tema: OS PRINCIPAIS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO MODERNA: EDUCAÇÃO NO SÉCULO XX (de 1901 a 1945) Estudantes: INTRODUÇÃO • O processo de educação do homem foi fundamental para o desenvolvimento dos grupos sociais e de suas respectivas sociedades, razão pela qual o conhecimento de sua história e experiências passadas é essencial para a compreensão dos rumos tomados pela educação no presente.
• Portanto, no presente trabalho teremos a oportunidade de fazer uma
abordagem sobre as formas de educar no século XX, sobretudo desde o ano 1901 à 1945, com amplo destaque para as instituições, processos e costumes educativos. Sublinhamos, de um lado, o aspecto social da educação e, de outro, as descontinuidades e as rupturas dentro do processo histórico. Cont. Objectivos do trabalho • Explicar a educação no século XX. Específicos: • Descrever os principais marcos da educação no século XX; • Identificar os principais conceitos ligados a educação neste período; • Destacar o sistema de educação usado neste seculo; Metodologia do trabalho • Para a realização do presente trabalho foi necessário o uso do método bibliográfico que consistiu na leitura de diversas obras que versam sobre o assunto em alusão. Cont. • 1.1.Conceito de Educação • “Educação é um processo de desenvolvimento unilateral da personalidade envolvendo a formação de qualidades humanas – físicas, morais, intelectuais e estéticas – tendo em vista a orientação da actividade humana na sua relação com o meio social, num determinado contexto de relações sociais”, (LIBÂNEO, 1994:22). • Desta feita, de acordo com CIPIRI (1996:6), Educação é a transmissão de usos e tradições culturais afins aos seus descendentes, para servirem de elo de ligação entre o passado e o futuro. • Entretanto, a Educação, de forma generalizada, é a transmissão de valores, hábitos, costumes, normas, bem como as capacidades e habilidades aos indivíduos, com vista ao mantimento e desenvolvimento das suas sociedades. 1.2.Contextualização Sobre a Educação no Século XX • Na visão de PILETTI & PILETTI (2013:92) o século XX foi bastante rico em experiências educacionais e na diversidade de teorias pedagógicas. • Pode-se dizer que o século anterior foi aquele que operou rupturas - sob a égide dos valores iluministas, burgueses, em busca da emancipação humana, do cidadão com autonomia no pensar e agir - sustentadas pelas conquistas levadas a cabo com os valores liberais, no caminho de produzir uma sociedade mais justa e democrática. Entre lutas e disputas, de um jeito ou de outro, podemos dizer, de forma bastante esquemática e com risco de excessiva simplificação, que o século XX foi aquele em que, lentamente, o projeto de uma sociedade mais justa e democrática foi implementado. • Em boa parte do mundo hoje, a democracia é uma realidade, garantindo amplos direitos aos cidadãos. Como esclarece CAMBI (1999:57), ainda que muitos projetos tenham fracassado, o século XX é, também, o período das revoluções socialistas, que pensou numa sociedade igualitária, ainda que tenha descambado para regimes ditatoriais, totalitários Cont. • Foi também o século da oposição ao apartheid, da luta contra a discriminação racial e em defesa dos direitos das minorias, do avanço da ciência e das tecnologias, da escolaridade em boa parte do mundo, do fenômeno da sociedade de massa e, igualmente, de seus mecanismos de controle.
1.3.Breve Historial Sobre a Educação no Século XX
• No final do século XIX, com a chamada Segunda Revolução Industrial, que segundo Eric Hobsbawm (1988) e David Lands (2005), foi um aperfeiçoamento da tecnologia da Revolução Industrial inglesa, houve um avanço desmedido da produção industrial que acabou, não obstante, gerando uma crise de superprodução, (GADOTTI, 2006:207). A saída foi a busca de mercados consumidores fora das fronteiras dos estados nacionais, por áreas de investimentos e fornecedoras de matéria-prima. Esse processo, lentamente, levou à disputas entre as potências industriais europeias pelo controle de territórios e mercados. O resultado disso foi as duas guerras mundiais que, vistas em conjunto, tiveram como fator central, portanto, as disputas imperialistas. Cont. • 1.4.A Politização da Educação • A educação cada vez mais, desde o processo de sua laicização, a partir do século XVIII, e sob responsabilidade do Estado, assumiu um caráter político, em função de seu papel na sociedade como instrumento de transmissão da cultura e formação da cidadania, (MANACORDA, 2001:92). • Se, de um lado, a escola foi usada como instrumento de inculcação das ideias da classe dominante e como instrumento de doutrinação a serviço do Estado, como ocorreu nos regimes totalitários (fascismos e stalinismo), ela também buscou, no século XX, a ação emancipadora, abrindo espaço para a desmistificação da ideologia. No entanto, actualmente a escola ainda procura um meio-termo entre a educação voltada para o trabalho, numa sociedade cada vez mais tecnocrata, e a formação humanística. 1.5.A Escola Nova • As propostas de uma escola pública, laica, gratuita e obrigatória, do século XIX, são reafirmadas no século seguinte, como resultado do crescimento industrial e a explosão demográfica, (LUZURIAGA, 1990:103). Ainda para este autor, houve uma ampliação significativa dos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior) da rede escolar, dada a demanda de emprego criada pelos mercados em expansão e que necessitavam de pessoal minimamente qualificado. Logo surgiram discussões que defendiam a educação como instrumento de garantia da mobilidade social e o sucesso profissional. Papel de destaque tiveram os adeptos da chamada Escola Nova ao defender o ensino como instrumento de democratização da sociedade. • Os pensadores da Escola Nova, movimento de renovação do ensino, forte na Europa, nos EUA e no Brasil na primeira metade do século XX, buscavam superar a escola tradicional, centrada no professor e voltada para a memorização dos conteúdos. Defendiam uma educação ativista, com a renovação da pesquisa pedagógica e a busca de uma prática educativa mais eficaz, (ARANHA, 2006:201). Cont. • Também tinham como um de seus princípios uma atenção especial na formação do cidadão e o empenho para desenvolver a individualidade e a autonomia, algo que somente seria alcançado numa escola não-autoritária que permitisse ao aluno aprender por si mesmo. Com esse ideário, muitas escolas foram fundadas na Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica, Itália e EUA. Em alguns casos, os métodos foram adotados nas escolas públicas. As experiências de educadores e pedagogos como Maria Montessori, na Itália, e Decroly, na Bélgica, foram significativas e influenciaram projetos em outros países, (opcit.).
1.6.A Escola Socialista
• O século XX é marcado também pelo avanço da ideologia socialista e por revoluções que buscam destruir o capitalismo. O primeiro caso concreto é o da Rússia, no início do século, onde é adotado o socialismo após uma revolução vitoriosa em 1917 e consolidada depois, (PILETTI, 2013:107). Cont. • Logo, muitos países seguiriam o seu exemplo, sobretudo aqueles do leste europeu. Neles nasce uma experiência educacional singular, centrada na educação popular e na garantia da universalização da escola elementar, gratuita e obrigatória. Logo, o esforço pela alfabetização foi levado a efeito. Nas escolas, valorizou-se o trabalho coletivo, a auto-organização dos estudantes e a ligação entre escola e vida e entre trabalho manual e intelectual. • Na União Soviética (URSS), logo no início, a pedagogia ligou-se a uma estratégia política que visava, de um lado, não desprezar as conquistas da ciência e tecnologia e, de outro, reforçar a consciência de classes e priorizar a instrução politécnica, voltada para o trabalho, (LUZURIAGA, 1990:109). Depois, no período stalinista (1924-1953), a relação entre educação e trabalho foi negligenciada em detrimento da formação cultural e científica, voltando a prevalecer o dualismo escolar entre um ensino profissional e a formação mais geral. • Os países socialistas do leste europeu seguiram de início as orientações da URSS na área educacional. China e Cuba também deram especial atenção à educação. Em todos esses países a busca por erradicar o analfabetismo foi uma realidade com sucessos impressionantes. 1.7.A Escola Totalitária • Datam dessa época as experiências educacionais desenvolvidas nos países fascistas, sobretudo no período entre as duas grandes guerras, principalmente na Itália, Alemanha, Espanha e Portugal, (MANACORDA, 2001:204). • Este autor acrescenta que se uma das características fascistas era o totalitarismo, quer dizer, a obediência ao Estado, este passou a intervir na vida das pessoas, com o objetivo de doutriná-las, discipliná-las e torná-las obedientes. • Nesse sentido, a educação assumiu a função de difundir a ideologia oficial do Estado. Nas escolas valorizavam-se as disciplinas de moral e cívica com o objetivo de incutir o amor desmedido à pátria, especial atenção à educação física e evidente desprezo pelas atividades intelectuais e por qualquer teoria. 1.8.A Educação na Segunda Metade do Século XX Na segunda metade do século XX, pós-guerra, nos países mais desenvolvidos a escola caracterizou-se por seu papel social cada vez mais central e pela organização mais aberta. Segundo CAMBI (1999:625-626), no pós-Segunda Guerra a escola, nos países centrais: caracterizou-se: Pelo seu crescimento no sentido social; pelo seu papel no desenvolvimento econômico; pela função exercida na ordem democrática; pelas fortes tensões reformadoras, inclusive nas formas mais radicais, como aquelas expressas em 1968. O crescimento da escola manifestou-se por meio da alfabetização de massa, da obrigatoriedade escolar em quase toda parte e a adoção de seu papel fundamental na mobilidade social. Somente depois de 1945 foi que as massas em quase toda a Europa tiveram acesso à escola. E esta passou a ter um importante papel no desenvolvimento socioeconômico, onde até mesmo a mão de obra operária devia dispor de cultura, de modo a ser capaz de operar máquinas mais sofisticadas. Cont. • A escola básica passa a ter um duplo papel: de um lado, difundir uma cultura desinteressada, nutrindo a inteligência, de outro, criar perfis profissionais, o que não era, absolutamente, uma novidade. • A escola passa a ter o papel não apenas de formar o cidadão, mais consciente e capaz de participar da “coisa pública”, mas também de prepará-lo para o exercício da democracia, difundindo práticas de discussão, de diálogo, de confronto coletivo. Foi nesse momento de consciência democrática que se condenou o papel ideológico que teve a escola até então. • Dependendo do período prevaleceram modelos diferenciados. Aos poucos, no entanto, cada vez mais se defendeu uma educação como um direito do cidadão, acompanhando o processo de estabelecimento da democracia e um dever do Estado. Cont. • Apesar dos avanços, da busca pela universalização do ensino e do combate ao analfabetismo, os desafios da educação atual são muitos, como veremos adiante. • Se, de um lado, a escola foi usada como instrumento de inculcação das ideias da classe dominante e como instrumento de doutrinação a serviço do Estado, como ocorreu nos regimes totalitários (fascismos e stalinismo), ela também buscou, no século XX, a ação emancipadora, abrindo espaço para a desmistificação da ideologia. • Atualmente a escola ainda procura um meio-termo entre a educação voltada para o trabalho, numa sociedade cada vez mais tecnocrata, e a formação humanística. 1.9.Educação Para Todos e Educação Para Cada Um
• MEIRELES-COELHO (1988:6) apresenta uma perspectiva que defende uma educação
para todos mas, sobretudo, uma educação para cada um. Só assim será possível uma educação verdadeiramente justa e respeitadora das diferenças entre todos e valorizadora da especificidade de cada um. Apenas a educação para cada um será capaz de educar eficazmente para a autonomia, na medida em que “somos todos diferentes e deficientes para algumas tarefas sociais, mas todos nós temos direito a viver como somos e até temos um lugar na sociedade que só se enriquece com as nossas diferenças todas” (ibdem). • A mesma educação para todos pode revelar-se o primeiro passo para a exclusão ou a inadaptação. MEIRELES-COELHO (1988:5) refere que “a educação não tem que ser a mesma para todos, mas a melhor para cada um” e acrescenta que “o princípio da igualdade de oportunidades significa, hoje, que toda a inferioridade natural, económica, social ou cultural deve ser compensada”. Uma educação igual para todos pode tornar-se ela mesma causa de insucesso escolar ou até de exclusão social, reproduzindo as desigualdades que tem a intenção de eliminar. “A experiência adquirida em matéria de democratização da educação parece mostrar que, oferecendo oportunidades iguais a grupos desiguais, apenas reproduzimos desigualdades sociais” (MEIRELES-COELHO, 1988: 11, apud UNESCO, 1984). Cont. • Assim, de forma a colmatar essas desigualdades sociais, é necessária uma educação acessível a todos mas desigual para cada um, isto é, “a melhor educação para cada um”, conforme preconiza MEIRELES- COELHO (1988). Uma sociedade que procure que todos sejam iguais a todos esquece que nem ela própria foi sempre igual. As normas que a sustentam variam ao longo do tempo e com diversos factores mas nem por isso as sociedades, olhando para estas alterações e vendo o “antes” e o “agora” se auto intitulam de desviantes. “À medida que as sociedades se foram transformando, também se foram transformando os critérios ou modelos de valoração das formas em que as pessoas se vão adaptando às situações” (MEIRELES-COELHO, 1988:5). • O totalitarismo de uma sociedade pode ver-se através da rotulagem de comportamentos desviantes. Os comportamentos desviantes são aqueles que não estão conformes à norma e “os seus autores são postos à margem por serem diferentes e são-no tanto mais quanto mais totalitária for essa sociedade” (MEIRELES-COELHO, 1988:5). • Para que justiça e igualdade não se oponham, a noção de igualdade terá que ser a apresentada por FRAGNIERE (1975), apud MEIRELES- COELHO (1988:6): “igualdade é o sentimento de saber que não se é rejeitado nem excluído por se ser o que se é”. Conclusão • Com a abordagem feita sobre a história da educação no século XX verificamos que esta vem passando por várias transformações, mas ainda falta muito para tornar-se adequada, haja vista nela implicarem fatores sociais, econômicos e políticos. • Assim, verificamos que a educação cada vez mais, desde o processo de sua laicização a partir do século XVIII, e sob responsabilidade do Estado, assumiu um caráter político, em função de seu papel na sociedade como instrumento de transmissão da cultura e formação da cidadania. Se, de um lado, a escola foi usada como instrumento de inculcação das ideias da classe dominante e como instrumento de doutrinação a serviço do Estado, como ocorreu nos regimes totalitários (fascismos e stalinismo), ela também buscou, no século XX, a ação emancipadora, abrindo espaço para a desmistificação da ideologia. Também, atualmente a escola procura ainda um meio termo entre a educação voltada para o trabalho, numa sociedade cada vez mais tecnocrata, e a formação humanística. Obrigado pela Atenção Dispensada