através do qual o sujeito, frente a uma determinada situação, recebe os estímulos que se lhe apresentam e os incorporam a esquemas de conduta que resultaram efetivos em situações similares, modificando tais esquemas com o fim de produzir uma conduta adequada a situações presentes. m jara Pain afirma que existem 4 dimensões onde ocorrem a aprendizagem: 1. Dimensão Biológica: assinalado por Piaget, como duas funções à vida e ao conhecimento: a conservação da informação e antecipação. 2. A dimensão cognitiva do processo de aprendizagem que, para P.Gréco (apud Pain, 1992) pode ser diferenciado em três tipos de aprendizagem: ensaio e erro, da regulação que rege as transformações dos objetos e suas relações mútuas, onde a experiência tem por função confirmar ou corrigir as hipóteses ou antecipações que surgem da manipulação interna dos objetos. Da aprendizagem estrutural vinculada ao nascimento das estruturas lógicas do pensamento, através das quais é possível organizar uma realidade inteligível e cada vez mais equilibrada. 3. A dimensão social do processo de aprendizagem que compreende todos os comportamentos dedicados à transmissão da cultura, inclusive os objetivados como instituições que, específica (escola) ou secundariamente (família) promovem a educação. 4. A dimensão psíquica em que o processo de aprendizagem é visto como função do eu (yo), e para compreendê-la recordaremos sobre o princípio do prazer e da realidade, sob as quais se consolida tal dimensão. m Para Freud o individuo é dotado de dois instintos: Eros, o instinto da vida que se manifesta como libido e tem como função unir os indivíduos e Tânatus, o instinto de morte que age contra a civilização na medida em que busca a volta ao estado inorgânico, através das manifestações de agressividade. m Estes instintos garantem a preservação e o funcionamento do organismo por meio de impulsos, denominados por Freud, de pulsão, entendido como um processo dinâmico que consiste numa pressão ou força que faz tender o organismo para o alvo. Ao encontrar o objeto de satisfação há uma diminuição da tensão, em estado de relaxamento denominado ³prazer´. m Civilização, é a soma integral das realizações e regulamentos que distinguem nossas vidas das de nossos antepassados animais, e que servem a dois instintos, a saber: o de proteger os homens contra a natureza e de ajustar os seus relacionamentos mútuos (Freud, 1930). m Através da educação a civilização pretende manter a pulsão em seus trilhos, e aproveitar sua energia em obras culturais (Pain, 1992). m ³A aprendizagem então reúne num só processo a educação e o pensamento, já que ambos se possibilitam mutuamente no cumprimento do princípio de realidade´ (Pain, 1992, p.24). m Os conceitos de aprendizagem acima relatados podem ser inseridos nas condições internas de aprendizagem, citados apenas no sentido descritivo, já que o sujeito e o objeto não são dados como instâncias originariamente separadas. m As competências cognitivas de cada estágio indicam as possibilidades que os sujeitos têm de aprender, desta forma será necessário identificar seu nível cognitivo antes de iniciar as sessões de aprendizagem. m Além dos três fatores imprescindíveis para explicar o desenvolvimento, a maturação, a experiência com os objetos e a experiência com as pessoas existe um quarto fator, endógeno, a equilibração. m A equilibração é um fator interno, não programado geneticamente de autoregulação, ou seja, uma série de compensações ativas do sujeito em relação a perturbações externas. m O desenvolvimento intelectual consistirá precisamente na construção de mecanismos reguladores que assegurem formas de equilíbrio cada vez mais móveis, estáveis e capazes de compensar um número crescente de perturbações. m Nos níveis superiores do desenvolvimento intelectual, no estágio das operações formais, os mecanismos reguladores permitem não apenas compensar as perturbações reais, mas também antecipar e compensar perturbações possíveis,portanto mais estáveis. m O sistema cognitivo dos seres humanos participa da tendência de todos os organismos vivos de restabelecer o equilíbrio perdido ± equilibração simples. m A equilibração majorante se dá quando o sistema cognitivo mostra uma tendência a reagir diante das perturbações externas, introduzindo modificações em sua organização que assegurem um equilíbrio que lhe permita antecipar e compensar um número cada vez maior de perturbações possíveis. m Para que o aluno possa realizar aprendizagens significativas: a necessidade de que o material novo a ser aprendido seja potencialmente significativo do ponto de vista lógico, tenha estrutura e organização internas e que não seja arbitrário; o aluno deve contar com conhecimentos prévios pertinentes que possa relacionar de forma substancial com o novo que tem de aprender e por último, é necessário que o aluno queira aprender de modo significativo.Tal desejo poderá ser desencadeado pelas condições. m Tal desejo poderá ser desencadeado pelas condições relativas ao material que é objeto de conhecimento e dos conhecimentos já existentes na estrutura cognitiva do aluno. A aprendizagem significativa se produzirá na proporção em que esses dois aspectos se ajustem entre si. É neste contexto que localizamos o professor como mediador para uma aprendizagem significativa, que será influenciada pela afetividade em todo processo de apropriação do conhecimento. m :uitos dos estudos feitos sobre aprendizagem ignoraram as questões afetivas nos processos cognitivos do indivíduo ou trataram a afetividade como fazendo parte da socialização deste (jisto e :artinelli, 2006). Atualmente, existe grande interesse em estudar o afeto e sua influência no processo de aprendizagem. m ³A ação, seja ela qual for, necessita de instrumentos fornecidos pela inteligência para alcançar um objetivo, uma meta, mas é necessário o desejo, ou seja, algo que mobiliza o sujeito em direção a este objetivo e isso corresponde à afetividade´ (Dell¶Agli e Brenelli,2006, p.32). m A afetividade não modifica a estrutura no funcionamento da inteligência, porém, poderá acelerar ou retardar o desenvolvimento dos indivíduos, podendo até interferir no funcionamento das estruturas da inteligência. m Wallon em sua teoria fez a distinção entre emoção e afetividade: afetividade é um conceito amplo, que inclui um componente orgânico, corporal, motor, plástico (emoção), um componente cognitivo, representacional (sentimentos) e um componente expressivo (comunicação). m jegundo Coll (2004), os sentimentos, as emoções e os desejos correspondem à afetividade, que dá sustentação às ações do sujeito. Centraremosnos na análise de alguns aspectos da afetividade que podem influenciar no processo de desenvolvimento da aprendizagem. m Alguns estudos (Badami & Badami, 1975; Coben & Zigmond, 1986; Chen, Li & Li, 1994) afirmavam que as crianças que tem dificuldades de aprendizagem são menos populares que seus pares sem dificuldades (ex. crianças que são apontadas como as melhores e estimuladas e inverso). m ³A tristeza é uma forma de desprazer relacionada a retirada de qualquer desejo, sendo que este último é impossível de satisfazer, e manifesta-se de forma característica, como estar indefeso´ (Frijda, 1995). m O medo, ainda para Frijda (1995), revela-se em uma mescla de expressões evitadoras, autoprotetoras e atenciosas. O medo paralisa e toda ação, mesmo de fuga, furta-se um pouco a ele; a coragem triunfa sobre o medo, pelo menos tenta triunfar, e já é corajoso tentar. m Para Oliveira (2003, p. 47),´o desenvolvimento de uma criança é o resultado da interação de seu corpo com os objetos de seu meio, com as pessoas com quem convive e com o mundo onde estabelece ligações afetivas e emocionais´. m Oliveira (2006, p. 78) afirmou que uma pessoa com dificuldades emocionais pode apresentar, por exemplo, olhos semicerrados lábios muito contraídos, tronco curvo, diminuição da qualidade do gesto, movimentos inseguros, grande tensão muscular que se verifica no pescoço, nas mãos e nas posturas rígidas. m Contrariamente, quando uma pessoa esta em harmonia com o ambiente, expressa por meio de seu corpo, sentimentos de alegria, de autovalorização, de sucesso, de confiança em si mesmo e no mundo e consegue interagir com o outro, com a sociedade, com a cultura. juas atitudes se tornam mais descontraídas, com sorriso fácil, olhar direto, ventre sem bloqueios, adequada tensão muscular nos braços e mãos, revelando qualidade do gesto. m Oliveira (2006), afirmou que alguns sinais emocionais são muito evidentes e alguns desses sentimentos transmitidos pelas crianças podem prejudicar a aprendizagem. jão estes: A raiva, a agressividade, o medo, a timidez excessiva, a ansiedade e a insegurança revelada pela baixa auto-estima. m ³O medo é o estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita esta consciência; temor, ansiedade irracional ou fundamentada´ (Houaiss, p.1879, 2001). m A criança por não entender alguns fatos da vida pode criar diferentes interpretações em sua imaginação e algumas destas podem desencadear estado de medo e ansiedade. m Alguns tipos de medo estão ligados às experiências de aprendizagem: de ser ridicularizado, de fracassar, de ser observado, de que alguém perceba seu problema e o medo da novidade das experiências. m O medo pode ser demonstrado pelos alunos na falta de confiança em si mesmo, ao responderem a perguntas com ³eu não sei fazer´. Nesta resposta podemos encontrar o medo do fracasso, quando a tarefa aparenta ser muito difícil, e a possibilidade de fuga da situação, pois é melhor dizer que não sabe fazer do que mostrar isso na prática. m Os mecanismos de defesa mais freqüentemente usados para o medo são apatia, agressividade ou retração. m O medo pode prejudicar a aprendizagem do aluno quando este não se sente motivado a superar este sentimento, portanto, cabe ao professor encontrar mecanismos de motivação. m A inibição e a timidez também acabam prejudicando a aprendizagem, desta forma acabam se tornando acomodadas e tendem a ser humildes e acanhadas, o que as traduz em pessoas covardes e pouco vitais. m As crianças ansiosas podem ter seu desenvolvimento de aprendizagem comprometido por ficarem mais desatentas e com baixa concentração, e, como tem dificuldades em controlar suas emoções podem ter suas percepções distorcidas. m Auto-estima baixa ± o autoconceito e a auto- estima referem-se à representação da avaliação afetiva que a pessoa tem de suas características em um determinado momento (:iras, 2004, p. 211). m A auto-estima está menos diferenciada nas idades mais precoces e vai se tornando mais complexa e diversificada à medida que o desenvolvimento avança. m A criança traz para o ambiente escolar toda a carga afetiva de seu desenvolvimento com seus familiares, os problemas emocionais surgirão nos contatos que se estabelecerá e, as crianças que tenham desenvolvido a inteligência emocional saberão lidar com as frustrações que este ambiente e suas relações lhes proporcionarão. Cabe ao professor e aos profissionais envolvidos nesta relação propiciar um ambiente acolhedor e de compreensão para que as crianças possam desenvolver suas potencialidades amplamente.