Há 36 anos sofri um acidente de automóvel que quase acabou comigo. Não morri, mas fiquei em uma cadeira de rodas. Naquele momento de dor e desespero, o meu primeiro pensamento foi pedir a Deus que ...lihat lebih banyakHá 36 anos sofri um acidente de automóvel que quase acabou comigo. Não morri, mas fiquei em uma cadeira de rodas. Naquele momento de dor e desespero, o meu primeiro pensamento foi pedir a Deus que me levasse com ele, não me deixasse naquela situação, mas Deus na sua infinita bondade e sabedoria, não atendeu ao meu pedido. Deixou-me nesta cadeira de rodas para provar a todos que a vida é muito mais do que caminhar, correr... O verdadeiro sentido é sermos úteis àqueles que necessitam. É assim que conduzo minha vida, servindo aos necessitados.
Com ajuda de simpatizantes de minha causa, eleito três vezes Vereador da cidade de Porto Alegre e como reconhecimento desse trabalho fui alçado à condição de Deputado Estadual na Assembléia Legislativa de nosso Estado, mandato que exerci com especial dedicação às pessoas com deficiência, tão discriminada em nosso meio social. Evidente que meu trabalho não se direciona apenas para este segmento da sociedade, ao qual me identifico por a ele pertencer. Minha luta vai mais longe. Se observarmos atentamente, constataremos que a discriminação nunca é contra a pessoa, como ser humano, mas sim contra sua condição social. Pouco importa se ela é deficiente, negra, pobre, analfabeta, etc. interessa, isto sim, é como ela se apresenta à sociedade. Neste Pais, onde prevalece a cultura das “aparências”, evidente que estes excluídos não têm e nunca terão chance. Poucos têm acesso à escola, ao trabalho e, o que é pior, a uma condição mínima de vida digna. Nesta situação, pouco importa sua aparência física, pois se trata apenas de um excluído. Manifestei no meu primeiro pronunciamento na Tribuna da Assembléia Legislativa, meu compromisso com o povo riograndense, o desejo de levantar a bandeira de nosso estado, e fazer valer o ideal ali transcrito e que os farrapos defenderam até a morte: Igualdade, Liberdade e Humanidade. Igualdade de oportunidades a todos os gaúchos; Liberdade de se locomover, com direito de ir e vir, consagrado constitucionalmente, plenamente assegurado a todos e Humanidade, a benevolência, a clemência e a compaixão que todos devemos uns para os outros.
Infelizmente, uma desgraça pessoal mostrou-me a desigualdade existente e a discriminação destes irmãos deficientes. Dados atuais apontam que as PCDs ultrapassam um milhão e meio em nosso Estado e estes devem ter o direito a uma vida digna em nosso meio social. No parlamento do povo gaúcho, iniciei minha caminhada de reivindicações e práticas de atos concretos. Aprovei a lei que exigia, nas linhas de ônibus da região metropolitana a existência de, no mínimo, um ônibus adaptado para os deficientes físicos, grávidas e pessoas com dificuldade de locomoção. A regularização do passe livre intermunicipal para uma pessoa portadora de deficiência e seu acompanhante foi exigência minha junto ao governo Estadual. O resgate de uma dívida de 15 anos para com as pessoas com deficiência.
Estes são meus anseios e desejos iniciais que, com ajuda da sociedade constituída (Judiciário, Legislativo e Executivo), pretendo fazer valer, não por uma vaidade pessoal, mas sim uma necessidade de mais de seis milhões de gaúchos que estão na linha da pobreza, miséria e exclusão, num estado rico em condições naturais, mas pobre em condições humanas e de oportunidades.
A frente da Secretaria Municipal de Acessibilidade e Inclusão Social do Município de Porto Alegre (SMACIS), aprovei o Plano Diretor de Acessibilidade, pioneiro no País, bem como, a transformação por Lei de Secretaria Especial em Secretaria Municipal, sendo também a primeira do Brasil.lihat lebih sedikit